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sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A Marcha da Insanidade


A grande marcha da destruíção mental prossegue. 

Tudo será negado. Tudo se tornará um credo. 
É razoável negar a existência das pedras na rua; será um dogma religioso declará-lo. 
É uma tese racional dizer que vivemos um sonho; será sanidade mística dizer que estamos acordados. 
Velas serão acesas para atestar que dois mais dois são quatro. (1)


G. K Chesterton


...As correntes de pensamento merecem adequada atenção. Segundo algumas delas, de fato, o tempo das certezas teria irremediavelmente passado, o homem deveria finalmente aprender a viver num horizonte de ausência total de sentido, sob o signo do provisório e do efemero. (2)



João Paulo II





A Marcha da Insanidade

O grande pai do monaquismo ocidental, Sto Antão, vaticinou em tempos muito remotos que "chegaria um tempo em que os homens enlouqueceriam, e quando vissem alguém são, se voltariam contra ele, dizendo: tu és louco!".
O século XXI mostrou-se digno de ser visto como este tempo descrito por Sto Antão. Uma regressão brusca de mentalidade acometeu os homens. A verdade foi negada, ou melhor, tornou-se obsoleta... Como de fato o é para os loucos, pois, se existe alguém que faz pouco caso da verdade, este alguém é o insano!
A verdade é acessório de homens sensatos.

A marcha da insanidade segue em nossos dias com ares de douta erudição. Se os loucos outrora eram confinados nos hospícios, hoje ocupam as catédras e ditam normas de conduta.
Os homens do século XXI vivem o barbarismo na radicalidade.

Constatamos, tristemente, que as mentes estão fora dos trilhos... Descarrilharam dos trilhos da razão e da justiça, por um desvio brusco na rota, e seguem sem rumo na iminência de uma colisão fatal.

Este trem em rota de colisão, já se aproxima de seus quilometros finais e, por isso, um desespero maior acomete seus passageiros. E muitos, antes da colisão fatal, se lançam do trem, num ato impensado de desespero. 

Enquanto o óbvio é negado e até ridicularizado, o absurdo é enaltecido e dogmatizado.
Tornou-se razoável crêr nem nada 'irracional' crer em algo. Tudo é negado, inclusive o que se vê e se toca. 
Será perigoso dizer que existimos... Será natural afirmar o contrário.

Os sãos serão reclusados nos sanatórios por afirmar a mais radical das realidades: a verdade dos fatos, que está acima das opiniões insanas... Enquanto os loucos serão coroados.

O existencialismo


Perceber a insanidade coletiva é fácil. Basta ler as tantas idéias que surgem por aí, e atraem a grande massa. O veneno mortífero é sorvido até a borda, e os primeiros a experimentarem seus efeitos letais, são seus próprios formuladores.

Que triste e solitário foi o fim de Foucauld, Nietzsche, Marx et caterva!  
De Voltaire, conta seu amigo Trouchon: "Se um demônio pudesse morrer, morreria como Voltaire". (3)

Passamos tragicamente de um mundo católico para um mundo caótico, -- e são estas as únicas escolhas da humanidade perante a fatalidade da existência: a luz da fé ou o caos da descrença. (4)

Vivemos em um mundo caótico, onde ninguém mais sabe dizer o que é certo ou errado; e se ninguém sabe distinguir estes dois elementos fundamentais da existência. Ninguém se entende. E se ninguém se entende, a confusão está generalizada.

A verdade não é mais o fim comum para onde convergem todos os discursos, mas exatamente o seu oposto... A verdade não é mais um fim, mas um instrumento para se alcançar um fim, pois, -- conforme afirmamos acima --, a verdade já não importa para o homem moderno.

O homem moderno vive um triste jogo de enganos. Grita-se escandalosamente: não há verdade! Não há mais aquele fato acima de tudo pelo qual tantos deram a vida.

O homem moderno passou a desejar o modo de vida dos animais, a considerá-lo melhor que o comportamento humano. A vida irracional e primitiva passou a ser vista como um ideal. 
Cair ébrio nas calçadas, contrair doenças em decorrêcia da vida tresloucada, irrefletida e sem controle, é a consequência mais que natural desta derrocada forjada. 
Mas antes destes efeitos trágicos no corpo... Veio os trágicos efeitos na alma. 

A Revolução nas almas foi feita sob o nome de existencialismo.
Um insano desvio do pensamento que proclamou "o absurdo da existência" e que a vida não passa de "um insignificante produto acidental de algumas moléculas de proteínas" e que não há nenhum sentido no viver. 
Tudo é pura evolução natural sem causas, -- criação do acaso --; o sentido da vida é o homem quem lhe dá.
Em outras palavras, o homem é um nada, que veio do nada, vive um nada e vai para o nada. 
Que bela perspectiva da existência! 
Como não esperar desta perspectiva a mais dolorosa crise existencial, a depressão, o suícidio?

O existencialismo legou à nossa sociedade uma terrível revolta contra todo sentido: na arquitetura, na música, na literatura, na pintura etc... 
Em todas as manifestações pseudos-culturais da modernidade exprimem esta revolta. 
A ordem natural das coisas foi drasticamente invertida, ou melhor, negada.
A filosofia existencialista roubou do homem aquilo que poderia fazê-lo sobreviver na mais intempérie condição: "Um sentido para viver".

"O homem pode suportar tudo... Menos a falta de um sentido". Afirmou o Dr. Frankl. E é exatamente este sentido que impede o homem de se autodestruir, pois, se não há um sentido, para quê viver?

Como descrever a caminhada errante e angustiosa de um homem que não vê sentido em nada?

** * **

Traçarei aqui o paralelo entre duas iminentes figuras do século passado, o Dr. Viktor Frankl (1905-1997) e Jean-Paul Sartre (1905-1980). 
Curiosamente, ambos nascidos no mesmo ano. 
Compartilharam quase a mesma realidade, porém, tiveram conclusões diferentes diante da vida.


Jean-Paul Sartre

Sartre viu a ascensão de Hitler na europa; Viktor Frankl também.

Sartre bebeu festivamente com os nazistas, enquanto Frankl empreendia contínuas fugas dos amiguinhos de bebedeira de Sartre.


Dr. Viktor Frankl

Não obstante a invasão nazista, a vida de Sartre transcorria na sua habitual tranquilidade; enquanto a de Frankl, tornara-se um inferno.
Ao ser capturado pelos nazistas, Dr. Frankl experimentou na pele o ódio que corrói os demônios. Sofria espancamentos e constantes humilhações em Teresienstadt.
Enquanto Sartre gozava os prazeres das noites parisienses ao lado de sua fiel companheira de farras: Simone de Beauvoir.

Nestas condições tão contrárias, nasceram duas teses sobre a existência; duas percepções da realidade; duas visões do mesmo mundo.

Sartre concluiu na comodidade de seu escritório, -- e na confusão de sua mente -- que "a existência não tem sentido".
Ao mesmo tempo, nos horrores de Auschwitz, Frankl, compreendia que a vida tem sentido e na mais abissal condição, o homem pode encontrar mil razões pra viver.

Estas duas conclusões serviram de base para duas correntes de pensamento tão opostas que nasceram no século XX: O existencialismo e a Logoterapia.

Uma nasceu da experiência, a outra da mera intuíção.
Com quem ficamos? Com a prática ou com a teoria?

A teoria de Sartre não passou pelo crivo da experiência, nasceu da insanidade de sua mente e de sua percepção distorcidae vaidosa da realidade. 
Frankl no horror da guerra, percebia que a vida tinha sentido, e que no mais obscuro desespero, o homem pode encontrar um sentido que o faz prosseguir no espinhoso caminhar. Porque tudo está ordenado para um fim que supera todo o mal presente.

Dr. Frankl viu sua tese se comprovar na prática.
Onde homens e mulheres na mais desumana condição, encontravam um motivo para luta pela vida. 
Porque viam algo a mais na vida do que era capaz de ver o sr. Sartre na comodidade de seu lar. 
Não viam o homem como um produto de forças cegas e ocultas, não viam a vida como um delírio. Viam em tudo um sentido, algo trascendente! 
E este pensamento os fez emergirem  de sua pequenez e encontrar um  infinito por trás dos panos de fundo do aparente absurdo existencial. 

Por outro lado, Sartre foi pequeno diante da existência.
No sofrimento Frankl descobriu um sentido maior para viver e amar. Sartre encontrou um motivo para odiar a existência.

É assim que se portam grandes homens como Frankl. E é assim que se portam homens pequenos como Sartre diante da vida.
Isto nos lembra dos prisioneiros da famosa frase de Santo Agostinho que das grades da prisão viram coisas diferentes: Um, viu as estrelas, o outro, a lama.
Das grades da existência, cada um vê diferente. Frankl do horror de Theresienstadt viu as estrelas. Sartre da obscuridade de sua mente e da comodidade de seu lar, viu a lama.

A descoberta de Frankl serviu para classificar a doença que acometia as tristes figuras que são os existencialistas: "Neuróticos Noogênicos". Ou simplesmente, "desesperados".
Pois que desesperador é olhar para a existencia com esses olhos fatalistas! Que vê unicamente um amontoado de cores, sons e sensações sem qualquer sentido. Tudo fruto de um absurdo sem causa e efeito ou razão de ser.

Frankl foi ao cume do desespero. Voltou e concluíu: "o sentido da vida é uma experiência ontologica, não uma criação cultural". 

Para Frankl, a vontade humana não se move unicamente pelo prazer, como acreditava Freud (vontade do prazer), nem pelo desejo de poder, como acreditava Adler (Vontade do poder). 
O homem move-se em busca de um sentido na existência, ao que Frankl chama: Vontade de sentido.

A logoterápia, ou análise existêncial, mostrou-se em poucas décadas de aplicação mais eficaz que a psicanalise em quase um século de aplicação. Mostrou-se um excelente antidoto para a doença que o existencialismo semeou nas mentes.


Notas

1. cf. CHESTERTON, Gilbert Keith. Heretics. Tradução do original em inglês:
"The Great march of mental destruction will go on. Everything will be denied. Everything will become a creed. It is a reasonable position to deny the stone in the streets, it will be a religious dogma to assert them. It is a rational thesis that we are all in a dream; it will be a mytical sanity to say that we are awake. Fire will be kimdled to testify that two and two make four".

2. cf. João Paulo II, Fides et Ratio, 9,

3. cf. Apud TÓTH, Tihámer. A Religião e a Juventude. 2 ed. Taubaté: Editora SCJ, 1951. p. 121.

4. A Europa que bania seus crucifixos de locais públicos, agora, vê-se obrigada a curvar-se perante a meia lua do islã.


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