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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

A mentalidade revolucionária



                        Antes de confluir para a política, para a cultura, para a religião, para a economia, a revolução, como toda revolta, começa no coração do homem, que se vê como deus e senhor, e por esta “augusta condição”, acredita que a natureza existe unicamente para satisfazê-lo. Esta insana pretensão que acomete qualquer individuo no alto de sua imaturidade, pode ser curada nas suas primeiras manifestações (geralmente na adolescência) com uma boa dose de realismo, se não, ela se alarga vertiginosamente, atingindo níveis colossais e indomáveis, até se converter numa grande explosão de ódio contra a ordem imodificável da natureza e seus inevitáveis percursos.

A revolução, portanto, tem um inicio tímido em alguns indivíduos soberbos que presunçosamente acreditam haver encontrado a formula mágica para todos os problemas  da humanidade. O problema se deflagra quando estes indivíduos excêntricos encontram outros que seguem a mesma perspectiva, – e tristemente, não são poucos os que partilham desta visão distorcida de si e da realidade.

Em uma “santa aliança”, estes indivíduos se associam para cumprir aquela “sagrada” missão que seus egos lhe impõem: transformar o mundo. Por amor a humanidade? Certamente não. Nunca se viu nenhum revolucionário capaz de fazer a mínima caridade que estava dentro de suas possibilidades. Pelo contrário, abundam relatos da avareza, mesquinhez e ingratidão de suas vidas. A Marx se deve os piores defeitos morais que um individuo possa ter. J. J Rousseau, fora cruel e arrogante, chegando a colocar seus filhos em um orfanato para não ter com eles nenhuma responsabilidade; Voltaire, fora mercador de seres humanos. Quase todos os revolucionários eram indivíduos cheios de defeitos morais, no entanto, autossuficientes, a ponto de pensar que seriam capazes de corrigir o mundo, ao mesmo tempo em que eram incapazes de corrigir o menor de seus defeitos.  

Estes indivíduos, numa espécie de surto auto-deificante, acreditavam que suas personalidades, sua moral e suas visões de mundo, era a medida padrão a ser adotada por toda a humanidade, de modo que o mundo não poderia evoluir se não adequar-se a sua visão de mundo e seu padrão de comportamento.
O que leva um indivíduo a atingir tal nível de prepotência? Em séculos bem remotos, os sábios cunharam um termo para referir-se a um fenômeno misterioso que habitava o coração do homem, e de onde emanavam todas as barbaridades que a humanidade fora capaz de perpetrar. Chamaram-na "filaucia" (do grego "philia", amor, amizade, e "autós", próprio), ou seja, o amor próprio. Mas antes de demonizar este fenômeno natural do temperamento humano, devemos explicar que o mal não é o amor-próprio, mas o desvio de sua função natural.

Todas as pessoas devem conservar amor próprio, pois se não o tiverem, não saberão conservar amor a mais nada. Porém, como tudo nesta vida exige regras, o amor próprio também tinha seus limites. O limite que o amor próprio exigia, era a consciência das limitações humanas, tais como: nossa limitada inteligência, nossa enganosa bondade, nossa triste mortalidade, nossa fragilidade e efemeridade. Tais limitações são simplesmente ignoradas por um espírito revolucionário, cujo amor próprio exacerbado, acabou por desaguar na terrível ilusão de uma falsa superioridade moral, intelectual, e espiritual, de modo, que o revolucionário que chega a ignorar sua condição de simples mortal, concluindo como o prepotente Nietzsche: “Eu sou deus”.

Se o individuo se auto-deifica através de um amor próprio desordenado, na sua crença particular não haverá espaço para outra lei e nem para os imprevisíveis da vida. Frases como: “Tenho minhas próprias leis” ou “Eu faço meu destino”, são típicas da mentalidade revolucionária. A mentalidade revolucionária, portanto, funda-se numa escabrosa ilusão auto imposta. Mas como ninguém pode se enganar totalmente, o revolucionário adquiri ódio brutal a verdade, e por isso, distorce diabolicamente a realidade a seu bel-prazer para justificar suas crenças. Estas crenças particulares e absurdas têm implicações devastadoras: “Se não há um Deus nem uma lei natural e divina, – pois todo homem é um deus com sua própria lei –, logo, tudo é permitido em nome dessa lei e de sua falsa divindade”. Foram conclusões como estas que fizeram a mente de todos os revolucionários que despontaram na história. E são conclusões como estas que germinam silenciosamente na cabeça de numerosos adolescentes que mal alcançaram a consciência de si, mas já se acreditam aptos para mudar o mundo. 


quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Reductio Ad Fascismum



Nota Preliminar:

Uma atitude constante nos debates modernos é a redução do oponente a figura de Hitler. O filosofo Leo Strauss, em 1950, chamou a esta postura de Reductio ad Hitlerum (cf. Natural Right and History, c. II)
Por se conhecer bem o peso psicológico desta comparação, passou-se a abusar dela, em níveis demenciais, de modo que, a reductio ad Hitlerum tornou-se o grande argumento de quem não tem argumento.
O advogado Mike Goldwin observa em seu afamado Goldwin’s Law que na modernidade, a medida que uma discussão avança, especialmente discussões políticas e religiosas, é comum, a certa altura do debate, que um dos lados – especialmente o que se ver mais desfavorecido – apelar para a reductio ad Hitlerum. Portanto, se você ainda não foi rotulado com esta infame pecha, prepare-se!
Mas esta postura retórica tornou-se ainda mais insana com a introdução daquilo que ouso chamar reductio ad fascismum, quando toda oposição à pautas esquerdistas é imediatamente classificada como fascismo; desequilibrando, mesmo que parcialmente, o discurso do oponente.
A recorrência desta postura exige algumas reflexões


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É clássica a atitude das massas acéfalas alinhadas em torno do ideal marxista que ao ouvir qualquer discurso que desentoe do que foi condicionado a crer na tertúlia revolucionária, aplica imediatamente ao oponente a velha pecha de fascista.
Na maioria das vezes o xingamento não faz nenhum sentido e o individuo que o profere não faz a mínima ideia de seu significado, mas tal redução é uma arma verbal que costuma ser muito eficaz para neutralizar a ação do oponente.
A inconsciência das turbas que se utilizam deste recurso lembra uma famosa experiência da psicologia moderna realizada por Ivan Pavlov (1849-1936). Pavlov tentou provar que algumas reações, aparentemente biológicas, são auto-impostas ou forjadas por relações condicionadas entre estímulos externos e respostas internas (cf. Conditioned Reflexed: an investigation of the physiolical activity of the cerebrl cortex).

Para provar a teoria, Pavlov submeteu alguns cães a uma experiência, na qual, a princípio notou uma relação entre a salivação (resposta incondicionada) e a comida (estimulo incondicionado). A experiência consistia em fazer os cães associarem a chegada da comida ao toque de uma campainha (estimulo neutro – estimulo que não produz resposta).
Com a repetição diária daquela relação, com o tempo, os cães começaram a salivar com o simples soar da campainha, mesmo que em seguida não houvesse comida.
Pavlov chamou a este comportamento de resposta condicionada, ou seja, aprendida com a repetição exaustiva de uma relação entre dois fatores incomuns.

A técnica simples de Pavlov ajudou a descobrir a condicionalidade de certas reações químicas, tornando a experiência um marco do Behaviorismo.
O problema é que as experiências de Pavlov deixaram de ser aplicados em cães e passaram a ser aplicadas em massa, por décadas, as reduzindo a um estado de dependência mórbida a um comando, mesmo que este, fosse completamente absurdo, como vemos se reproduzir nas ações e nos gritos de ordem característico das hordas esquerdistas. Todos percebem a incongruência dos chavões e das atitudes, menos os que os proferem.

Quase um século após a experiências em Riazan, as conclusões de Pavlov continuam sendo aplicadas em larga escala, sob novo cenário, e novos instrumentos. No lugar da refeição canina, se colocou o contraditório, que passa a ser estimulado com frequência torturante, de modo que, com o tempo, os indivíduos condicionados, passavam a fazer associações sem nexos, e acreditar na coerência da associação.

A associação constante entre expressões pejorativas a pessoas ou grupos, mesmo que uma coisa não tenha a mínima relação com a outra, fez as hordas revolucionárias agirem como os cães de Pavlov, de modo que, basta ao antílope a frente soar a campainha diante do oponente, que a matilha inteira se colocava a salivar raivosamente, e proferir o insólito xingamento (fascista!), mesmo que não faça a mínima ideia do que ele signifique, ou mesmo, do que esteja fazendo.

Mas o que é esse tal fascismo?

O termo fascista usado a torto e a direito pelos militantes de esquerda, já perdeu completamente o sentido pelo uso indiscriminado, e passou a ser usado como mero instrumento de pressão psicológica. Ou seja, se você não é de esquerda, você é automaticamente fascista!
Para esquerda não importa o sentido de uma palavra, importa que ela pode ser usada de forma arbitrária, e contrária a seu significado, como arma verbal.
Por exemplo: a esquerda pega as palavras mais bonitas de um idioma e as aplica as coisas mais horrendas (como aborto; invasão de terras; eutanásia, etc) para torná-las belas; ou pega os adjetivos mais odiosos e os aplica a seus inimigos, com o fito de torná-los odiados por todos. Esta tem sido a ponta de lança das esquerdas há décadas (Palavras empregadas de forma arbitrária)
E como caixa de ressonância para este delírio linguístico, se usam as turbas ensandecidas de idiotas úteis, geralmente recrutados em cursinhos populares, faculdades e escolas públicas, onde há décadas o discurso marxista imperou.
Sempre que questiono a um desses militantes que berram alucinadamente palavras de ordens nos protestos sobre o que é fascismo, o indivíduo se vê perdido em densas trevas, sua frio, tenta enrolar, mas não esconde a patente ignorância em relação ao termo que aplica a torto e a direito aos oponentes. E por certo, se conhecesse o termo com o qual se esgrime, jamais o utilizaria tão irresponsavelmente.

Nenhuma característica do que é classicamente conhecido como fascismo se assemelha ao que se convencionou chamar modernamente de Direita. O fascismo é um movimento estato-cêntrico, caracterizado por um partido único de massa (como faz parte dos sonhos do Partido Comunista em qualquer uma de suas ramificações), que se impunham pela violência; pelo culto irrestrito a um líder (como fazem nos partidos de esquerda com seus líderes); exaltação da coletividade sobre a individualidade, e o tão conhecido espírito corporativista.
Portanto, um esquerdista ao xingar o oponente de “fascista”, nada mais faz do que projetar sua própria imagem no adversário, cumprindo com exatidão a velha máxima atribuída a Lenin: “Xingue-os do que você é!” Portanto, qualquer xingamento que hoje você venha aplicar a um esquerdista, amanhã ele aplicará a você. Esta tem sido uma prática recorrente em suas ações.

Até grandes combatentes do fascismo como Charles de Gaulle, e Winston Churchill, receberam da esquerda o rotulo difamante de fascista. Este último, antevendo que aquela atitude seria uma das marcas características da esquerda nascente, afirmou profeticamente: “Os fascistas do futuro, se chamarão a si mesmos de antifascistas”.

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Antes de mais nada, cabe lembrar que o próprio Mussolini sempre recusou rotular o fascismo dentro do clássico espectro político (Esquerda e Direita). Mas, é importante lembrar também que, o que se entende atualmente por Direita tem como uma de suas características principais, a defesa de maior liberdade individual em relação ao Estado; o total oposto do que foi o fascismo, que tinha como lema: “Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado”. Quem sempre esteve mais próximo deste lema?
Mas este detalhe, obviamente, não basta para convencer um cérebro esquerdista, entorpecido por décadas de pesada manipulação e doutrinação ideológica, de que o fascismo tem origens marxistas. É necessário recorrer a mais detalhes. Portanto, voltamos nossos olhos ao pai do Fascismo: Benito Mussolini.

Benito Mussolini (1883-1945) teve sua formação política desenvolvida dentro da filosofia socialista. Desde a infância, sob a tutela do pai Alessandro Mussolini, um fervoroso comunista, que inclusive lhe deu o nome de Benito em homenagem ao revolucionário mexicano Benito Suarez, até sua adesão formal ao Partido Socialista Italiano entre 1901 a 1914, onde chegou, inclusive, a liderá-lo em 1912.
Mussoline ainda teve como sua grande inspiração ideológica o escritor e sindicalista francês George Sorel (1847-1922), fundador de uma das correntes revisionistas do marxismo clássico. Mussolini assimilou devotamente as teses de Sorel, exposta em seu livro Reflexions sur la violence, no qual defendia a tese de que a revolução do proletariado deveria ser forjada por meio da violência. O fascismo foi, sem dúvida, um dos braços mais famosos das teses de Sorel.
Em contrapartida, alegam as esquerdas: “Mussolini perseguiu comunistas!”
Ora, e quem mais perseguiu comunistas na história senão os próprios comunistas? Stalin perseguiu ferrenhamente os trotskistas, e por isso Stalin deixou de ser considerado comunista?
A verdade é que o fascismo quis se impor como uma doutrina original, em oposição direta as suas raízes comunistas, algo corriqueiro entre os movimentos comunistas.

Em “La Dottrina del Fascismo” (1935), escrito por Mussolini e Gentile (este último, um fervoroso hegeliano, como fora Marx), dizia:
O fascismo é contra o socialismo [...] Mas, na órbita do Estado organizador, o Fascismo quer que sejam reconhecidas as exigências reais que deram origem aos movimentos socialista e sindicalista, fazendo-as valer no sistema corporativo, que concilia os diversos interesses na unidade do Estado” (Cap. I, VIII). E no mesmo opusculo, se confessa que as fontes teóricas do fascismo advém do socialismo.
O ódio que o fascismo descarregou sobre o marxismo mais tarde, não apaga toda influencia que este exerceu sobre sua origem. Não à toa o fascismo fora chamado il figlio bastardo del comunismo (O filho bastardo do comunismo).

Além das conhecidas acusações de que o fascismo fora um movimento de direita, ainda se levanta a afirmação absurda de que Mussolini era católico. Algo ainda mais risível diante do conhecido anti-catolicismo de Mussolini expresso em algumas de suas obras, como as blasfemas Christo è Cittadino (Cristo e cidadão) e l’amante del cardinale (A amante do Cardeal). Nas quais, o duce desfere golpes terríveis à imagem de Cristo e a Igreja Católica.

No entanto, apesar de seu anti-catolicismo, o ditador concebeu o fascismo de forma religiosa – como toda a religião política:
O fascismo é uma concepção religiosa, onde o homem é encarado sob o ponto de vista da sua relação com uma lei superior [...] elevando (o individuo) a membro de uma sociedade espiritual [o fascismo]”. (La Dottrina del Fascismo, I, V)
Esta sociedade espiritual deveria ter o Duce como deus, e o fascismo como religião.

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Assim como toda a esquerda, o fascismo é “anti-individualista”. O estado deve ser a força motriz da consciência e da vontade humana. Por isso, a massificação é uma das fortes características do fascismo.
O Fascismo fala em nome da liberdade, mas de uma liberdade tirânica. Mussolini resume a liberdade fascista nestes termos:
A liberdade do Estado e do individuo no Estado, uma vez que, para o fascista, tudo está concentrado no Estado e nada existe de humano ou de espiritual, e muito menos tem valor, fora do Estado” (La Dottrina del Fascismo, I, VII). O fascismo é assumidamente totalitário. Sem oposições, classes, somente um Estado Soberano, controlado por um partido.
As massas fascistas do tempo de Mussolini não diferem em nada das atuais militâncias esquerdistas que vemos por aí gritando palavras de ordem. Muitos desses acéfalos, crê piamente que está se lançando contra o fascismo, sem perceber que estão combatente a própria imagem projetada em seus inimigos e reproduzindo fielmente os ideais que moveram o espírito de Benito Mussolini.

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Segundo o Dictionnaire Historique des Fascismes et du Nazisme de Serge Berstein e Pierre Milza: “Não existe nenhuma definição universalmente aceita do fenômeno fascista, nenhum consenso, por menor que seja, quanto à sua abrangência, às suas origens ideológicas ou às modalidades de ação que o caracterizam”.


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