A piedade dos fiéis consagrou o mês de maio à mais bela das flores do
jardim de Deus: Maria. Por isso, Maio, para o católico, é um mês mais que
especial, é “o mês da linda mãezinha” como dizia Padre Pio. Em tempos mais
piedosos, este mês era marcado com exuberantes manifestações de devoção que se
verificavam por toda parte, com mais intensidade nas paróquias e capelas, mas
também nas escolas, hospitais e até presídios. Inclusive o Papa Paulo VI
recordou em uma de suas encíclicas estes tempos de piedade que todos os homens
do passado foram testemunhas: “Neste mês nós nos recordamos da alegria infantil
com a qual, indo à escola, levávamos flores ao altar de Nossa Senhora; velas,
cantos, orações e promessas davam alegre expressão à nossa devoção à Virgem
Santíssima, que então nos aparecia como rainha da primavera, primavera da
natureza e primavera das almas”. (Mense Maio, 1965) A devoção à Nossa Senhora ditou por
muitos séculos o ritmo da vida na maior parte do Ocidente. À hora do ângelus "todos" paravam reverentes em reflexão àquela hora sublime em que a humanidade,
através do fiat de Maria, recebia o
Salvador. Uma centelha desta devoção foi retratada na comovente tela de Millet,
em que os camponeses interrompem a labuta na hora do ângelus para saudar a Virgem.
l'angelus (1859) Jean-François Millet, Paris, Museu D´Orsay |
Mas, as contas do rosário cessaram nas últimas décadas, os
sinos da piedade estão calados, as candeias da Virgem apagadas, o rosário deixou de
ser símbolo de piedade para tornar-se acessório de moda -- o mesmo que aconteceu
com o escapulário.
Os floridos altares de nossa infância
desapareceram, lobos vorazes extinguiram a devoção nos corações; muitos sacerdotes e religiosos tem pouca
conta por Maria porque não pertencem a geração que a proclama bem-aventurada.
Aquela terna piedade de Nossa infância se perdeu, piedade cantada e decantada em
tantos versos piedosos de amor e devoção, e o resultado deste desprezo é aquela triste condição denunciada por S. Luís de Montfort em seu Tratado: “Maria Santíssima tem
sido até agora desconhecida, e esta é uma das razões por que Jesus Cristo não é
conhecido como deve ser” (Tratado da Verdadeira Devoção. n. 13)
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