Pesquisar este blog

sábado, 28 de janeiro de 2017

A morte da masculinidade: para onde foram todos os homens?




Por John Stonestreet
Tradução e notas: Erick Ferreira 



"O lenhador": Abraham Lincoln aqui é retratado como um jovem cortando madeira. (Foto: Wikimedia Commons)


               Para onde foram os homens? Muitas pessoas estão fazendo esta pergunta e procurando respostas nos lugares errados.
Estaremos no meio de uma crise da masculinidade? Dois escritores cristãos oferecem respostas muito diferentes a esta questão. Em recente artigo, David French no National Review lamenta uma nova estatística que mostra que os jovens de hoje são, fisicamente, a geração mais fraca registrada na história.
Se você é um ‘tipo comum de nosso século’1, escreve ele, ‘seu pai, provavelmente, é mais forte do que você’. Na verdade, você não pode ser mais forte nem do que a ‘mulher típica deste século’. A própria ideia de trabalho pesado é estranha a você, e digamos que que você fosse convidado a ajudar na construção de uma cabana, a tarefa seria tão exaustiva para você, a ponto de esgotá-lo. Seja bem-vindo a nova realidade pós-masculinidade!”.
Chandler Epp respondeu a French em uma coluna de convidados no Religions News Service, argumentando que a ideia de masculinidade como algo equivalente a força física é equivocada.
A noção cristã popular de masculinidade – escreve ele –, envergonha, repele e arruína muitos rapazes e homens que não conseguem cumprir essas tarefas, e que não gravitam em direção ao comportamento masculino típico. Ele conclui: devemos recuperar a ideia de que a marca de um verdadeiro homem é a sua força moral, não sua capacidade muscular”.
Agora eu sei, particularmente, que Chandler, French e eu temos muito respeito por ambos (os tipos de homens de que falam). Na verdade, ambos demonstram esse tipo de força moral que Chandler fala em sua obra. Chandler, está certo de que quando a maioria das pessoas pergunta: “Onde estão todos os homens?” O que elas querem dizer, na verdade, é algo como: “Onde estão todos os lenhadores?” Eles querem saber porque tão poucos homens hoje em dia podem realizar façanhas de força física como, construir suas próprias casas, ou consertar carros sem a ajuda de um mecânico.
Houve um tempo em que esses tipos de habilidades eram cruciais para cumprir o mandato da criação. Expressar a imagem de Deus para a maioria dos homens na história significava ser capaz de caçar, alimentar os animais da fazenda ou acender um fogo na lareira. E eu agradeço todos os dias por aqueles, como meu pai, que ainda fazem esse tipo de trabalho, mas a era da força bruta está, em muitos aspectos, ultrapassada, e este seria o fim do argumento se estivéssemos vendo ao mesmo tempo um aumento correspondente em outros tipos de forças menos tangíveis: como a coragem moral, fortaleza, liderança, e uma disposição pelo sacrifício. Mas não estamos. Pelo contrário, por uma questão de fato, a maioria dos homens de hoje não é apenas fisicamente mais fraca do que as gerações anteriores, eles são mais fracos como pessoas: Indivíduos atingidos pelaSíndrome de Peter Pan”, nunca deixando a adolescência; encontrando “lugares seguros” nos campus universitários que os protegem perpetuamente como frágeis vítimas de um constante debate; a cultura do sexo casual2 e a dependência da pornográfia; e a revolução sexual que promulga através da mídia, da educação e agora da lei, que não existe mais tal coisa como macho e fêmea. O que estamos assistindo não é uma expressão diferente da masculinidade se adaptando a novas realidades culturais. O que estamos vendo não é masculinidade!
A masculinidade real pode se parecer com Greg Thornbury, presidente do King's College em Nova York, que tem um peso corporal que eu não vi desde a 8ª série, jaqueta de tweed e óculos de Harry Potter. Ele não é um lenhador, mas como um defensor da teologia do som e da educação cristã em uma cidade que é hostil a ambos, ele é um dos homens mais fortes que conheço. Ou masculinidade pode se parecer com Chuck Colson, um fuzileiro naval, o "capacho"3 de Nixon; homem duro de todos os lados, a ser tocado por Cristo antes de ir para a prisão. Não era incomum ver Chuck derramando uma lágrima sobre uma verdade eterna do Evangelho ou uma vida transformada. No entanto, ele tipificava a força masculina como deveria ser.
Irineu, o primitivo Pai da Igreja, disse: “A glória de Deus é o homem plenamente vivo.” E o homem plenamente vivo não banca a vítima, nem se refugia em um senso de jurisprudência, ele abraça o mandato de criação para “encher a terra e subjugá-la”. Ele é um criador, não um perpétuo subjugado.
É esse tipo de masculinidade que está em falta desesperadamente nesses dias. É um tipo de masculinidade que não tem nada a ver com o tamanho do peitoral.


John Stonestreet é presidente do The Chuck Colson Center for Christian Worldview e colaborador do BreakPoint.
Fonte: cnsnews.com


Notas:
1. O autor usa o termo millenials que se refere as pessoas nascidas de 1980 a 1990, e que tem como características principais: o narcisismo e a preguiça. Não encontrando um equivalente no português para o termo, optei por utilizar a expressão tipo comum de nosso século’ que soa mais claro ao leitores.
2. Hookup Culture é um termo que refere-se ao sexo casual, que de certo modo, se naturalizou entre a juventude dos grandes centros urbanos.
3. O autor usa a expressão Hatchet man, algo que no Brasil pode ser traduzido por capacho. Chuck Colson foi um homem de confiança de Richard Nixon, e foi preso por envolvimento em atos de obstrução de justiça durante o caso Watergate.

Um comentário:

A inclusão desnecessária de músicas protestantes na Liturgia Católica

  Pe. Marcelo Rossi foi um dos maiores responsáveis pela inclusão de músicas protestantes na Igreja Nas últimas décadas, assistiu-se uma inc...