Pesquisar este blog

domingo, 16 de novembro de 2025

A Corredenção de Maria

 



            Esta recusa na discussão de um pertinente dogma de fé, a Corredenção e Mediação Universal de Maria, já muito presentes no senso dos fiéis, revela duas coisas muito claras nas entrelinhas: 1) a igreja modernista e ecumênica não quer se indispor com alguns grupos heréticos, ou comprometer o seu tão acalentado diálogo inter-religioso, e 2) também, não quer dar a grupos tradicionais um importante aceno.

No entanto, o tiro saiu pela culatra, e um debate até então restrito, se ampliou dentro da igreja.

O objeto de toda essa querela fora um documento com o estilo típico do suspeito cardeal que ironicamente chefia a guarda da ortodoxia na Congregação para a Doutrina da Fé.

Em uma nota do Dicastério, indo na contramão de um grande movimento que remonta há alguns séculos, se diz:

 “Tendo em conta a necessidade de explicar o papel subordinado de Maria a Cristo na obra da Redenção, é sempre inoportuno o uso do título de Corredentora para definir a cooperação de Maria.” (n. 22)

O documento não nega que Maria cooperou na obra da redenção, mas desencoraja o uso do termo Corredentora, tão usado por um grande número de santos, teólogos e pontífices.

O fato é que, o progressismo que invadiu a Igreja, sempre seguiu uma linha minimalista quanto a devoção mariana. Por isso, a indiferença ou banalização do culto à Maria sempre fora notável no pontificado de Bento XVI, Francisco e ora, consolidado no pontificado de Leão XIV. Nada imprevisto! Os grandes teólogos modernistas, von Balthasar, Rahner, De Lubac, Suenens, Congar, sempre tiveram uma devoção mariana das mais mesquinhas. O título sugerido pelo atual pontificado não poderia fugir mais as peculiaridades do típico catolicismo modernista representado por essa linha de pensamento: “Mãe do povo fiel”.

A questão é que as mesmas “inconveniências” práticas para o ecumenismo e o diálogo inter-religioso que envolve as pertinentes propostas de dogma da Corredenção e da Mediação Universal, não são menos acentuadas nos outros dogmas marianos, especialmente no dogma de Maria, Mãe de Deus, da Imaculada Conceição e Assunção divina. Dogmas, aliás, inerentes a corredenção de Maria.

            Se chamar Maria de Corredentora ou Medianeira de todas as graças é, para Leão XIV e seus prefeitos, "inapropriado", o que diriam dos santos padres e doutores que a chamaram de “causa da nossa salvação”, “rainha dos anjos”, “causa da nossa alegria”, “paraíso terrestre”, “divino mundo de Deus”, “milagre dos milagres da graça” ou tantos outros títulos efusivos e devotos que culminaram em dogmas?


         Mas antes de chegarmos nesse estágio tão confuso da Igreja contemporânea, os dois títulos marianos sob atual questionamento eram objeto de longa devoção e um consolidado
ad fidem pertinens entre santos, pontífices e teólogos, tendo como um de seus mais fervorosos defensores nos tempos modernos o influente cardeal Mércier, tido por muitos como o responsável por difundir esta devoção no orbe católico, embora, já se reconheça os primeiros pontos desta doutrina nos primeiros séculos do cristianismo, e até no Concílio de Éfeso, ganhando grande impulso na Idade Média por ação dos franciscanos e se tornando sentença teológica certa no século XV.

             

 

O grande teólogo espanhol Antonio Royo Marín (1913-2005) acredita que Maria é corredentora por duas razões fundamentais:

1º — Por ser a Mãe de Cristo Redentor, o que acarreta, como vimos anteriormente, a maternidade espiritual sobre todos os redimidos.

2º — sua dolorosíssima compaixão ao pé da Cruz, intimamente associada, por livre disposição de Deus, ao tremendo sacrifício de Cristo Redentor.[1]

Mas há razões ainda mais profundas e intrigantes para tantos santos e teólogos afirmarem que Maria teve uma cooperação singular na redenção da humanidade. Uma delas, que se explicita por um famoso mote Sanguis Christi, sanguis Mariae, afirma o fato de que, o Deus redentor, assumiu feições humanas no ventre de Maria, de modo que, por inefável desígnio divino, a Divina Providencia não quis redimir a humanidade sem a participação de Maria. Palavras que estão em plena consonância com os evangelhos. “No princípio era o verbo” (Jo 1, 1). Não havia o homem-Deus, apenas o verbo. E o verbo se fez carne no ventre de Maria, mostrando que Maria assim torna-se parte indissociável da redenção. É neste sentido que Sto Irineu de Lion a chamava “causa salutis” (Causa de nossa salvação)

“Maria, ao prestar obediência, tornou-se a causa da salvação, tanto para si mesma como para toda a raça humana.”[2]

Não que ela não precisava ser salva, ela também o foi como todos, mas de um modo diferente. Escolhida antes de todos os séculos, preservada do pecado original e unida a Paixão de seu filho de congruo.

Embora, a redenção fora ação única e exclusiva de Cristo, ele não deixou de envolver sua mãe nessa missão com vínculos indissociáveis a história da salvação. É o que Garrigou-Lagrange afirma em sua La mère du Sauveur et notre vie intérieure:

“Ela se uniu a Jesus como somente uma mãe poderia, e uma mãe muito santa, em perfeita unidade de amor por Deus e pelas almas. Essa foi a sua maneira de cumprir o grande preceito da lei — e que outra maneira mais perfeita poderia haver? A tradição é clara sobre a união de Maria com o Redentor; ela nunca se cansa de repetir que, assim como Eva se uniu ao primeiro homem na obra da perdição, Maria se uniu ao Redentor na obra da redenção.”

Ninguém esteve mais unida nesta terra ao Redentor em sua redenção do que sua Santíssima Mãe. Maria viveu todos os momentos da paixão com seu filho, e foi crucificada no coração à vista do filho despido, coberto de sangue e feridas, abandonado pelos seus discípulos e humilhado na cruz. Visão esmagadora e devastadora a uma mãe, especialmente a mais santa e pura das mães. “A espada de dor transpassou sua alma”.

“Bastava bem a morte de Jesus para salvar o mundo e ainda infinitos mundos, escreveu Sto Afonso Maria de Ligório, mas quis essa boa Mãe pelo amor que nos tem, com os méritos das suas dores, que ela ofereceu por nós no Calvário, também ela ajudar a causa da nossa salvação”.[3]

Um outro teólogo de grande prestígio a esclarecer as linhas desta tese é Gabriel Roschini:

“Triunfar com Cristo, esmagando a cabeça da serpente, não é outra coisa que ser Corredentora com Cristo”.[4]


Pontífices


    O Magistério atesta todas estas verdades, de modos variados, com exceção dos três últimos, que Maria foi associada intimamente a Cristo na Redenção; isto é precisamente o que a Igreja chama de Corredenção.

Leão XIII em Adiutricem Populix (1895) afirma:

“[Maria] depois de ter sido a cooperadora da redenção humana, tornou-se também, pelo poder quase ilimitado que lhe foi conferido, dispensadora da graça que em todos os tempos jorra dessa redenção”. (Nº 4)

E em Iucunda Semper Expectatione (1894), ensina claramente o papel corredentor da Santíssima Virgem:

“Foi Ela quem, unida a Cristo na mais estreita comunhão de dor e de vontade, participou de modo admirável na Redenção do gênero humano.”

Antes de Leão XIII, Pio IX, em Ineffabilis Deus (1854), já a chamava “poderosíssima mediadora e reconciliadora de todo o mundo junto a seu Filho Unigênito”.

Em 1904, Pio X voltava a afirmar a mesma doutrina:

“Maria mereceu ser digníssima reparadora do orbe perdido e, portanto, a dispensadora de todos os tesouros que Jesus nos conquistou com sua Morte e com seu Sangue” (Ad Diem Illum)

O mesmo verbo usado por Leão XIII — consociata — é retomado por Pio X, o que mostra continuidade magisterial.  “Ela foi associada a Cristo na obra da salvação do gênero humano.”

Após, Pio X, Bento XV segue a mesma doutrina em sua Carta Apostólica Inter Sodalicia (1918):

“Com efeito, ela sofreu e quase morreu com seu Filho sofredor e moribundo, abdicou dos seus direitos maternos para salvação dos homens, e tanto quanto lhe pertencia, imolou seu Filho para apaziguar a justiça de Deus, de modo que se pode justamente dizer que Ela resgatou, com Cristo, o gênero humano. Consequentemente, todas as graças que recebemos do tesouro são distribuídas pelas mãos da dolorosa virgem.”

“Portanto, além da intercessão dos santos, deve ser incluída a influência dela, a quem os Santos Padres, saudaram com o título Mediatrix omnium gratiam.”

Em 30 de novembro de 1933, Pio XI foi o primeiro pontífice a se dirigir a Santíssima Virgem sob este título em discurso dirigido aos peregrinos chegados a Roma de Vicenza:

“Por necessidade, o Redentor não pôde deixar de associar sua Mãe à sua obra. Por isso, nós a invocamos sob o título de Corredentora . Ela nos deu o Salvador, acompanhou-o na obra da Redenção até a própria Cruz, compartilhando com ele as dores da agonia e da morte em que Jesus consumou a Redenção da humanidade.”

(Discurso aos peregrinos em Vicenza, Itália , 30 de novembro de 1933.)

Após o papa milanês, Pio XII, em sua encíclica Ad Caeli Reginam (1954) reafirma a posição de Maria na obra da redenção:

“Dessas premissas se pode argumentar: Se Maria, na obra da salvação espiritual, foi associada por vontade de Deus a Jesus Cristo, princípio de salvação, e o foi quase como Eva foi associada a Adão, princípio de morte, podendo-se afirmar que a nossa redenção se realizou segundo uma certa "recapitulação", pela qual o gênero humano, sujeito à morte por causa duma virgem, salva-se também por meio duma virgem; se, além disso, pode-se dizer igualmente que esta gloriosíssima Senhora foi escolhida para Mãe de Cristo "para lhe ser associada na redenção do gênero humano.

Nem mesmo a constituição dogmática conciliar, Lumen Gentium, deixou de afirmar os termos da Corredenção de Maria:

“O papel singular da Virgem Maria como cooperadora está fundamentado em sua maternidade divina. Ao dar à luz Aquele destinado a realizar a redenção da humanidade, ao alimentá-lo, apresentá-lo no templo e sofrer com ele enquanto morria na cruz, ela “cooperou de modo totalmente singular na obra do Salvador” (Nº 61).

Entre os papas do século XXI, João Paulo II foi dignamente chamado “Papa mariano”, e afirmou cinco vezes o título de Corredentora à Maria. Em uma dessas ocasiões, ele afirmou:

“Maria, enquanto concebida e nascida sem a mancha do pecado, participou de forma admirável nos sofrimentos do seu Divino Filho, a fim de ser Corredentora da humanidade” (Audiência Geral, 08 de setembro de 1982)

“Embora o chamado de Deus para cooperar na obra da salvação seja dirigido a todo ser humano, a participação da Mãe do Salvador na redenção da humanidade representa um evento único e irrepetível.” (Audiência Geral, 9 de abril de 1997)


OS SANTOS


    Os pontos fundamentais da doutrina da Corredenção já encontraram seus ecos nos primeiros séculos do cristianismo. Santo Ireneu (séc. II): chamou à Maria de “causa salutis” (causa de salvação) (Adversus Haereses, III, 22,4) e Santo Agostinho já atribuía à Virgem o título de "colaboradora" na Redenção (cf. De Sancta Virginitate, 6) 

No século VII, Modesto de Jerusalém, afirma que, por meio de Maria, “somos redimidos da tirania do demônio ”.  São João Damasceno (século VIII) a saúda nestes termos: “Salve, por quem somos redimidos da maldição”. São Bernardo de Claraval (século XII) prega que “por meio dela, o homem foi redimido ”. 

Desde então, Maria continuou sendo invocada e afirmada em termos semelhantes, até finalmente ser reconhecida nominalmente como "Corredentora" por grande miríade de Santos.

O cardeal Newman, recentemente elevado a categoria de doutor da Igreja, defendeu o título perante hereges protestantes.

“Tu protesta contra chama-la Corredentora, haverias de considerar pobre esta afirmação que usastes em comparação com a linguagem com que a saudaram os padres A chamando de Mãe de Deus, segunda Eva, mãe de todos os viventes, mãe da vida, estrela da manhã, o novo céu místico, o cetro da ortodoxia, a toda Imaculada Mãe da Santidade e por estilo...”

(Carta a rev. E. B Pusey, 1864)

S. Maximiliano Kolbe, falando sobre os objetivos de sua Milicia da Imaculada assim dizia:

 “Estritamente falando, o objetivo da Milícia da Imaculada é o objetivo da própria Imaculada. Ela, de fato, como Corredentora, deseja estender a toda a humanidade os frutos da redenção realizada por seu Filho; ela faz tudo o que pode para ganhar para Cristo os hereges, cismáticos, maçons, judeus e assim por diante.”[5]

“O homem cometeu um pecado de desobediência para com o Criador. Condenado à morte, mas apenas a uma morte temporária, ele deixa o paraíso terrestre para almejar um paraíso celestial através do sofrimento e do trabalho árduo. A partir desse momento, Deus promete um Redentor e uma Corredentora, dizendo: “Porei inimizade entre ti (serpente, Satanás) e a mulher, e entre a tua descendência e a dela; esta te ferirá a cabeça” (cf. Gn 3,15).”[6]

Madre Teresa de Calcutá, Calcutá, 

É claro que Maria é a Corredentora — ela deu a Jesus o seu corpo, e o seu corpo é o que nos salvou. ” Madre Teresa de Calcutá, Entrevista pessoal, Calcutá, 14 de agosto de 1993



[1] La Virgen María. Teologia y espiritualidade marianas. 2º Ed. Madrid, Bac, 1997, p. 140

[2] Adv. Haer ., III, 22, 4.

[3] Glórias de Maria,

[4] La Madre de Dios según la fe y la teologia, v. I, Madrid: Apostolado de la Prensa, 1955, p. 477

[5] Rycerz Niepokalanej, December 1937, pp. 357–358

[6] Rycerz Niepokalanej, September 1924, pp. 169–170 


quarta-feira, 9 de outubro de 2024

A inclusão desnecessária de músicas protestantes na Liturgia Católica

 

Pe. Marcelo Rossi foi um dos maiores responsáveis pela inclusão de músicas protestantes na Igreja

Nas últimas décadas, assistiu-se uma inclusão massiva de músicas protestantes na liturgia católica. Este fenômeno surgiu na esteira de dois movimentos que estão vivos e palpitantes dentro da Igreja: o ecumenismo e o pentecostalismo católico (especificamente, a Renovação Católica). Fenômenos que acabaram descaracterizando o catolicismo e o tornando cada vez mais semelhante ao protestantismo. 

A incorporação foi tão intensa que muitos católicos, por vezes, nem imaginam que certas músicas que cantam tão espontaneamente na liturgia são protestantes. Com a intenção de gerar esclarecimento, resolvi reunir uma lista de músicas protestantes que muitos católicos cantam na liturgia sem saber de sua origem. 

Abaixo ALGUMAS dessas músicas. Lembrando que há muitas outras. 


Músicas que você canta sem saber que são protestantes

Basta Querer (1993) - Carlinhos Felix 

Trecho:

Meus pensamentos, vivem em você, a luz do meu viver, Senhor...


Noites Traiçoeiras (1986) Carlos Papae 

Trecho: "E ainda que vier, noites traiçoeiras, se a cruz pesada for, Cristo estará contigo".


Segura na mão de Deus (1973) - Pr. Nelson Monteiro da Mota 

Trecho:

Se as águas do mar da vida, quiserem te afogar, segura na mão de Deus, e vai...


Meu prazer - Ministério Koinonya

Trecho: Meu prazer é louvar, meu prazer é estar, nos átrios do Senhor... Meu prazer é viver, na casa de Deus, onde flui o louvor


Eu Navegarei - Pr. Azmaveth Carneiro

Trecho:  Eu navegarei, no oceano do Espírito, e alí adorarei, ao Deus do meu amor". 


Sonda-me - Jonathas Liasch

Trecho:

Senhor, eu sei que tu me sondas, sei também que me conheces. 


Glorificarei, teu nome ó Deus

Trecho: Glorificarei teu nome ó Deus, com cânticos te celebrarei. És santo ó Pai, és Santo ó Pai, a ti todo louvor...


Reunidos aqui

Trecho: Reunidos aqui só pra louvar o Senhor!...


Espírito, enche a minha vida

Trecho: Espírito enche a minha, enche-me com teu poder, pois em Ti que quero ser...


A alegria está no coração:

Trecho: A alegria está no coração, de quem conhece a Jesus, a verdadeira paz só tem aquele que já conhece a Jesus.


Porque Ele vive

Trecho:

Porque Ele vive, eu posso crer no amanhã, porque Ele vive, temor não há...


Renova-me - Pr. Marcos Witt

Renova-me Senhor Jesus, já não quero ser igual...  Porque tudo que há dentro de mim,

precisa ser mudado senhor...


Venho minha vida oferecer

Trecho: "Venho, Senhor, minha vida oferecer
Como oferta de amor e sacrifício
Quero minha vida a Ti entregar
Como oferta viva em Teu altar."

sábado, 14 de setembro de 2024

A Volta da Esposa Tradicional



Que ironia! Enquanto os "progressistas" proclamavam o fim das antigas relações matrimoniais; o advento de um novo modelo de família; e um novo modelo de mulher, independente, liberal, sem amarras morais e religiosas, começa, inesperadamente a pulular por todos os recantos, a imagem oposta desta: a "esposa tradicional" com sua família numerosa e ancorada sobre valores que eles, os progressistas, julgavam extintos. O instagram virou quase que um reduto deste modelo de mulher que vem conquistando adeptos por todos os países ocidentais e orientais. 
Conteúdos e mais conteúdos são compartilhados diariamente por mulheres exaltando as virtudes do lar... Muitas delas, inclusive, abandonaram carreiras profissionais para dedicarem-se ao cuidado do marido e dos filhos.
Ah, e aquela história de família sem filhos ou com filho único? Pois é... Ela também vem sendo escamoteada por estas mulheres, que orgulham-se de seus muitos rebentos e da vida tranquila ao lado do esposo. 
Naturalmente, confrontar um estilo de vida que os progressistas investiram tão pesadamente para consolidá-lo nas sociedades contemporâneos tem seu preço. E em cada publicação que exalta as virtudes da esposa tradicional, da família tradicional, da maternidade, dos modelos tradicionais de homem e mulher... Sempre é acompanhado por uma enxurrada de críticas raivosas, que ajudam, sem querer a impulsionar ainda mais estas publicações. 
As esposas tradicionais, estão vencendo de duas formas: aumentando seus alcances com tantos "haters" que divulgam inconscientemente seus conteúdos, e vencendo na corrida da vida. Afinal, quem procria mais vencerá quem morre sem posteridade. É a regra número 1 da guerra demográfica e cultural. 

Uma das referências desta tendência "trad wife", Hanna Neeleman, a "ballerina farm", como alguns de seus seguidores a chamam, tem mais de 10 milhões de seguidores. Embora, seu alcance seja quase que incalculável. Mas, além dela, há um número incontável de outras mulheres que geram o interesse e a admiração de um bom número de mulheres mundo a fora através das redes sociais. E inclusive, ajudam outras mulheres a descobrirem tendências naturais soterradas pelo progressismo. Diante deste renascimento da tradição familiar, os progressistas veem-se desesperados. Nada parece conter este mar conservador. Talvez, não seja muito glorioso lutar contra a ordem natural das coisas. Como bem dizia o sábio Chesterton "tão forte é a tradição que as futuras gerações sonharão com aquilo que elas nunca viram". E, de fato, os bastiões deste renascimento são jovens esposas. Temos motivos para esperar algo melhor do futuro. 





 

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

As Sete Excelências da Batina

 


por Jaime Tovar Patrón


1ª – RECORDAÇÃO CONSTANTE DO SACERDOTE

Certamente que, uma vez recebida a ordem sacerdotal, não se esquece facilmente. Porém um lembrete nunca faz mal: algo visível, um símbolo constante, um despertador sem ruído, um sinal ou bandeira. O que vai à paisana é um entre muitos, o que vai de batina, não. É um sacerdote e ele é o primeiro persuadido. Não pode permanecer neutro, o traje o denuncia. Ou se faz um mártir ou um traidor, se chega a tal ocasião. O que não pode é ficar no anonimato, como um qualquer. E logo quando tanto se fala de compromisso! Não há compromisso quando exteriormente nada diz do que se é. Quando se despreza o uniforme, se despreza a categoria ou classe que este representa.

2ª – PRESENÇA DO SOBRENATURAL NO MUNDO

Não resta dúvida de que os símbolos nos rodeiam por todas as partes: sinais, bandeiras, insígnias, uniformes… Um dos que mais influencia é o uniforme. Um policial, um guardião, é necessário que atue, detenha, dê multas, etc. Sua simples presença influi nos demais: conforta, dá segurança, irrita ou deixa nervoso, segundo sejam as intenções e conduta dos cidadãos. Uma batina sempre suscita algo nos que nos rodeiam. Desperta o sentido do sobrenatural. Não faz falta pregar, nem sequer abrir os lábios. Ao que está de bem com Deus dá ânimo, ao que tem a consciência pesada avisa, ao que vive longe de Deus produz arrependimento. As relações da alma com Deus não são exclusivas do templo. Muita, muitíssima gente não pisa na Igreja. Para estas pessoas, que melhor maneira de lhes levar a mensagem de Cristo do que deixar-lhes ver um sacerdote consagrado vestindo sua batina? Os fiéis tem lamentado a dessacralização e seus devastadores efeitos. Os modernistas clamam contra o suposto triunfalismo, tiram os hábitos, rechaçam a coroa pontifícia, as tradições de sempre e depois se queixam de seminários vazios; de falta de vocações. Apagam o fogo e se queixam de frio. Não há dúvidas: o “desbatinamento” ou “desembatinação” leva à dessacralização.

3ª – É DE GRANDE UTILIDADE PARA OS FIÉIS

O sacerdote o é não só quando está no templo administrando os sacramentos, mas nas vinte e quatro horas do dia. O sacerdócio não é uma profissão, com um horário marcado; é uma vida, uma entrega total e sem reservas a Deus. O povo de Deus tem direito a que o auxilie o sacerdote. Isto se facilita se podem reconhecer o sacerdote entre as demais pessoas, se este leva um sinal externo. Aquele que deseja trabalhar como sacerdote de Cristo deve poder ser identificado como tal para o benefício dos fiéis e melhor desempenho de sua missão.

4ª – SERVE PARA PRESERVAR DE MUITOS PERIGOS

A quantas coisas se atreveriam os clérigos e religiosos se não fosse pelo hábito! Esta advertência, que era somente teórica quando a escrevia o exemplar religioso Pe. Eduardo F. Regatillo, S.I., é hoje uma terrível realidade. Primeiro, foram coisas de pouca monta: entrar em bares, lugares de recreio, diversão, conviver com os seculares, porém pouco a pouco se tem ido cada vez a mais. Os modernistas querem nos fazer crer que a batina é um obstáculo para que a mensagem de Cristo entre no mundo. Porém, suprimindo-a, desapareceram as credenciais e a mesma mensagem. De tal modo, que já muitos pensam que o primeiro que se deve salvar é o mesmo sacerdote que se despojou da batina supostamente para salvar os outros. Deve-se reconhecer que a batina fortalece a vocação e diminui as ocasiões de pecar para aquele que a veste e para os que o rodeiam. Dos milhares que abandonaram o sacerdócio depois do Concílio Vaticano II, praticamente nenhum abandonou a batina no dia anterior ao de ir embora: tinham-no feito muito antes.

5ª – AJUDA DESINTERESSADA AOS DEMAIS

O povo cristão vê no sacerdote o homem de Deus, que não busca seu bem particular se não o de seus paroquianos. O povo escancara as portas do coração para escutar o padre que é o mesmo para o pobre e para o poderoso. As portas das repartições, dos departamentos, dos escritórios, por mais altas que sejam, se abrem diante das batinas e dos hábitos religiosos. Quem nega a uma monja o pão que pede para seus pobres ou idosos? Tudo isto está tradicionalmente ligado a alguns hábitos. Este prestígio da batina se tem acumulado à base de tempo, de sacrifícios, de abnegação. E agora, se desprendem dela como se se tratasse de um estorvo?

6ª – IMPÕE A MODERAÇÃO NO VESTIR

A Igreja preservou sempre seus sacerdotes do vício de aparentar mais do que se é e da ostentação dando-lhes um hábito singelo em que não cabem os luxos. A batina é de uma peça (desde o pescoço até os pés), de uma cor (preta) e de uma forma (saco). Os arminhos e ornamentos ricos se deixam para o templo, pois essas distinções não adornam a pessoa se não o ministro de Deus para que dê realce às cerimônias sagradas da Igreja. Porém, vestindo-se à paisana, a vaidade persegue o sacerdote como a qualquer mortal: as marcas, qualidades do pano, dos tecidos, cores, etc. Já não está todo coberto e justificado pelo humilde hábito religioso. Ao se colocar no nível do mundo, este o sacudirá, à mercê de seus gostos e caprichos. Haverá de ir com a moda e sua voz já não se deixará ouvir como a do que clamava no deserto coberto pela veste do profeta vestido com pelos de camelo.

7ª – EXEMPLO DE OBEDIÊNCIA AO ESPÍRITO E LEGISLAÇÃO

Como alguém que tem parte no Santo Sacerdócio de Cristo, o sacerdote deve ser exemplo da humildade, da obediência e da abnegação do Salvador. A batina o ajuda a praticar a pobreza, a humildade no vestiário, a obediência à disciplina da Igreja e o desprezo das coisas do mundo. Vestindo a batina, dificilmente se esquecerá o sacerdote de seu importante papel e sua missão sagrada ou confundirá seu traje e sua vida com a do mundo. Estas sete excelências da batina poderão ser aumentadas com outras que venham à tua mente, leitor. Porém, sejam quais forem, a batina sempre será o símbolo inconfundível do sacerdócio, porque assim a Igreja, em sua imensa sabedoria, o dispôs e têm dado maravilhosos frutos através dos séculos.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Ato de Renovação das Promessas do Batismo para o primeiro dia do ano

 



Para o primeiro dia do ano

 

Creio em vós, meu Deus, Pai onipotente, Criador do céu e da terra, creio em Jesus Cristo, vosso Filho unigênito, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que morreu na cruz, para me salvar, que ao terceiro dia ressuscitou, subiu ao céu, onde está sentado à direita de vós, Deus Pai, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.

Creio no Espírito Santo, na santa Igreja católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, e na vida eterna.

Renuncio ao demônio, e com vossa graça, ó meu Deus, repelirei as suas tentações.

Renuncio às obras do demônio, aos pecados de pensamentos, palavras e obras.

Renuncio às suas pompas, aos espetáculos e divertimentos mundanos, ilícitos e perigosos.

Prometo, ó meu Deus, com o vosso auxílio, guardar vossos santos mandamentos, amar-vos de todo o coração sobre todas as coisas, e ao meu próximo como a mim mesmo, por amor de Vós.

E como conheço a minha fraqueza, peço-Vos, clementíssimo Senhor, que me ajudeis a cumprir esta minha promessa, e me concedais o dom da perseverança final no gozo de vossa graça.

Maria Santíssima, minha querida Mãe, anjo de minha guarda, santos meus protetores e advogados, intercedei por mim, afim de que eu persevere constantemente na graça de Deus até à morte.

Amen.

 

Orai – Manual Completo de Orações e Instruções Religiosas, Padre João Batista Rëus, 1934.


quinta-feira, 2 de novembro de 2023

O Casamento nos tira a liberdade?

 


Uma afirmação recorrente entre jovens secularistas é que "o casamento nos tira liberdades". Esta é uma típica frase de fachada para esconder uma verdade que o jovem mundano e displicente quer esconder: "o casamento não lhe tira liberdade alguma, apenas lhe exige responsabilidades". Responsabilidades que ele não quer assumir em nenhum âmbito de sua vida. 

A irresponsabilidade é um dos maiores problemas da juventude contemporânea. O ato fundamental de responder pelos próprios atos, o cerne da responsabilidade, difundiu, além da renuncia aos deveres que todo homem e toda mulher antes abraçavam com firmeza, o vitimismo característico de nossos tempos.

Todo jovem que foge as suas responsabilidade, curiosamente, tende a ser vitimista. Eis, portanto, uma das razões para a grande difusão de movimentos que fazem do vitimismo sua bandeira. A culpa é dos homens; a culpa é das mulheres; a culpa é dos ricos; a culpa é dos pobres; a culpa é da sociedade... A culpa é sempre do outro. Fingindo-se que não somos primariamente responsáveis por nossos atos e escolhas. 

Quando um jovem, desconsiderando sua irresponsabilidade inveterada, contrai vínculos matrimoniais, é muito provável que tal casamento seja carregado de tensões... Pois a felicidade de um casamento também depende da responsabilidade dos seus atores. Se ambos não assumem suas culpas, ambos transformarão aquele contrato numa mera troca de farpas e culpabilização alheia. 

Aqui se defronta portanto dois problemas: o jovem que recusa o caminho do matrimonio por não querer aceitar suas responsabilidades, e o que o abraça sem aceitar suas responsabilidades. Dois problemas com finais nada felizes. 

No entanto, ainda acredito que, seja preferível que, aqueles que não querem assumir as responsabilidades do matrimônio não se casem, do que estes se envolvam em algo tão sério, como o matrimônio, e comprometam com suas irresponsabilidades as suas vidas e de outras pessoas. Casamento não é para todos! 

sábado, 28 de outubro de 2023

Câmara dos Deputados aprova Dia Nacional do Rosário da Virgem Maria

 



Em um momento histórico para a fé católica no Brasil, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 4.943/2023 da Deputada Simone Marquetto (MDB/SP) que institui o Dia Nacional do Rosário da Virgem Maria a ser celebrado no dia 7 de outubro. 

"No Santo Rosário, o cristão medita os mistérios da vida de Jesus Cristo. É uma oração poderosa, que santifica as famílias, liberta os cativos e converte os corações. É com o Rosário que o nosso coração se acalma ao abrir uma corrente para o espírito e se conectar com o divino. O Rosário é “arma” espiritual na luta contra o mal, contra a violência, pela paz nos corações, nas famílias, na sociedade e no mundo. Que no dia 07 de outubro de cada ano, ao meio-dia, nós, católicos, possamos juntos fazer a oração do Rosário da Virgem Maria." (Trecho da Justificativa do Projeto)

A Corredenção de Maria

              Esta recusa na discussão de um pertinente dogma de fé, a Corredenção e Mediação Universal de Maria , já muito presentes no ...