Se houve uma morte feliz,
esta foi a de São José. Em seu leito de morte o assistiam Jesus e Maria. Há
melhores acompanhantes na hora final do que estes?
Depois da Virgem Santíssima, a Igreja reconhece São José como o maior de
todos os santos, e sua devoção torna-se particularmente necessária a todos os fiéis ─ especialmente, por sua condição de patrono da Igreja. O próprio Cristo lhe foi obediente, (cf. Lucas 2, 51) porque nós não haveremos de ser?
A morte de São José, Neilson Carlin |
Um testemunho especial de devoção a São José nos vem de uma das
grandes luminares da Igreja, a grande Sta Teresa de Ávilla, que no seu Livro da Vida nos narra as graças que alcançara através de sua devoção ao guardião da Sagrada Família. A grande santa carmelita após recorrer a diversos auxílios em momento de
grande angústia, resolveu implorar o socorro de São José, e foi imediatamente respondida. “Não
me recordo até agora ─ escreveu a Santa ─ de lhe ter suplicado coisa que tenha
deixado de fazer. É coisa de espantar as grandes graças que Deus me tem feito
por meio deste bem-aventurado Santo e dos perigos de que me tem livrado, tanto
no corpo como na alma. A outros santos parece ter dado o Senhor graça para
socorrerem numa necessidade; deste glorioso Santo tenho experiência que socorre
em todas. O Senhor nos quer dar a entender que, assim como lhe foi sujeito na
terra -- pois como tinha nome de pai, embora sendo aio, O podia mandar --, assim
no Céu faz quanto Lhe pede” [1]. Dando continuidade a esta devoção na família carmelitana, outra grande santa da ordem, Teresinha de Lisieux, teceu belos louvores a São José. Em seus manuscritos autobiográficos a santa conta que todos os dias recitava a oração a São José, protetor das virgens, e conforme as suas próprias palavras: "por ele tinha uma devoção que se confundia com seu amor a Virgem Santíssima" [2].
Mas séculos antes destas grandes santas, outros gigantes da cristandade já teciam seus louvores ao pai putativo de Jesus. S. Bernardo, a seu respeito escreveu: "Há santos que tem o poder de nos socorrer em certas circunstâncias específicas, mas S. José tem o poder de socorrer em todas as necessidades e defender todos aqueles que recorrem a ele com piedosa disposição". E se queres um testemunho de santidade exuberante em tempos mais recentes que acontecia aos pés de S. José, é só voltar aos olhos ao grande taumaturgo de Montreal, Sto Andre Bessette, o santo que em vida foi testemunha de incontáveis milagres. E quando lhe imputavam o título de "grande milagreiro", simplesmente dizia que não fazia milagres, apenas pedia a São Jose, e ele atendia. Quando lhe pediam conselhos ou milagres, dizia apenas: "Ide a São José".
Com tantos testemunhos advindo dos mais ilustres nomes da cristandade o que nos falta para também confiar na poderosa intecerssão deste grande santo?
Para
cuidar de Cristo e viver com Maria Santíssima, Deus cumulou São José de bênçãos mais
extraordinárias que as que se verificaram em qualquer outro santo. Nele
os homens encontram um exemplar fiel da verdadeira masculinidade; os pais, da
verdadeira paternidade; os maridos da verdadeira fidelidade, e os jovens, da
verdadeira pureza. Foi ele que, como diz o papa Leão XIII, “guardou com sumo
amor e continua vigilância a sua esposa e o filho divino; foi ele que proveu o
seu sustento com o trabalho; ele que o afastou do perigo a que os expunha o
ódio de um rei levando-o a salvo para fora da pátria, e nos desconfortos das
viagens e nas dificuldades do exílio foi de Jesus e Maria companheiro
inseparável, socorro e conforto” [3]
Ite ad Joseph!
Como
o Velho Testamento nada mais é do que uma prefiguração do novo, a imagem de José do Egito é um
antítipo da imagem de S. José, no livro do Gênesis lemos que o Faraó concedeu a José a guarda dos depósitos de trigo do Egito, e quando
a fome se agravou no mundo, “de toda a terra vinham gente ao Egito para
comprar mantimentos”. E o Faraó lhes dizia: “Ide a José e fazei o que ele vos
disser”. (Gen 41, 55) Mas, o José do
Novo Testamento guardava algo mais precioso que o trigo do Faraó. José
guardava o pão da vida. Se o Faraó lhe confiara a
guarda de seus bens temporais, Deus confiou a José a guarda de seu Filho, e posteriormente, de sua Igreja. Por estas e tantas razões, a figura de São José não pode ser dispensada para o católico -- ele, junto com sua castíssima esposa --, deve ser objetos da devoção de todo católico. Porque, dos homens, ele é o que está mais perto de Deus, e dos santos, o que está mais próximo dos homens.
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1. Livro da Vida, Cap. VI, 6
2. Manuscrito A, 158
3. Quamquam pluries
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