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sábado, 5 de dezembro de 2015

Injustíças históricas em face do homem moderno


A ascensão do Estado Islâmico em nossos dias trouxe à tona novamente um contexto histórico tristemente distorcido pela desonestidade de muitos anticlericais: As heróicas Cruzadas, fabulosas incursões feitas sob o signo da cruz, que salvou o ocidente de uma de suas maiores tragédias.

Muitos séculos antes da convocação das cruzadas, já nos tempos de Carlos Magno a Europa sofria constantes ataques das hordas maometanas, que tencionavam subjugar toda a cristandade que habitava aquela pequena faixa de terra que tinha como única linha demarcadora, a fé.

Ante a ferocidade deste inimigo impassível e cruel de nossos dias (o ISIS), não há como não evocar aqueles tempos e aqueles eventos que foram determinantes para nossa sociedade moderna.

Em primeiro lugar, deve se reafirmar que as cruzadas foram um ato de legítima defesa do Ocidente cristão contra as hordas maometanas que a ameaçavam.
Ou se opunha uma resistência enérgica à devastação muçulmana ou todos seriam subjulgados cruelmente pela tirânia do islã.

As brutalidade do Estado Islâmico, são uma amostra fiél das brutalidades dos turcos, árabes, persas, e demais islamitas que nunca cessaram na história.


Se hoje nos estarrece os horrores perpetrados pelo ISIS; como não nos indignaria as barbáries turcas otomanas, -- protótipo histórico do ISIS --, no período medieval?


As cruzadas foram uma resposta aos ataques muçulmanos. O papa Urbano II, em seu discurso de convocação das cruzadas, narrou fielmente os horrores praticado pelas hordas maometanas:
"Relatamos fatos horríveis que ouvimos sobre uma raça de homens completamente afastadas de Deus e desprovidos de fé, - inicia o pontifice.  
Turcos, Persa, Árabes, amaldiçoados, estranhos a nosso Deus, que devastam por fogo ou espada as muralhas de Constantinopla, o braço de São Jorge (...) os descrentes forçam os cristão a se ajoelhar sobre roupas imundas e curvar a cabeça a espera do golpe da espada (...) Quantas igrejas esses inimigos de Deus conspiraram e destruíram? Ouvimos de altares e relíquias sendo profanados por sujeira produzida por corpos turcos. Ouvimos sobre verdadeiro crentes sendo circuncidados e o sangue desse ato sendo vertido em pias batismais (...) O que mais devemso lhes dizer ó fiéis? Turcos abusam de mulheres e crianças cristãs (...) Turcos abrem com a lâmina da espada a barriga dos verdadeiro seguidores de Jesus Cristo (... ) espalham e detalham entranhas, mostrando assim o que a natureza manteria secreto. Tudo a procura de riquezas ou por insano prazer".
Alguma diferença dos horrores narrados por Urbano II e os práticados pelo Estado Islâmico em nosso século?
Combatê-los, portanto, não era uma opção, era uma ação necessária, um ato de sobrevivência da cristandade.
As cruzadas foram este ato de defesa do Ocidente cristão contra a sanha maometana que tudo ameaçava destruir a golpes de cimitarra.

920 anos depois daquele glorioso dia em que ressoou nos campos franceses o brado vibrante dos cruzados: Dieu le veut! Volta a ressoar um novo grito nos mesmos campos franceses. Não mais o grito cruzado, este cessou na história, mas o brado maometano que tanto foi combatido pelos francos. 
Ouvir o Allahu Akhbar de Maomé em terras francas significa mais do que se pode imagninar. Significa que a história das cruzadas ainda não acabou, que seus inimigos ainda estão vivos e ameaçadores. Mas a terra dos francos já não existe para combatê-los, se perdeu num passado distante, ficando em seu lugar uma geração efeminada e pacifista.. 
Haverão novos francos em nossos dias, prontos bradar mais uma vez o Dieu le veut? Esperamos que sim.


****


O islã sempre foi uma ameaça ao ocidente cristão, e isso encontra-se muito bem assinalado nas páginas de seu livro sagrado (O Corão) e nos sunas. Portanto, o islã declarou guerra ao mundo cristão há mais de 1400 anos!

Em tempos menos relativistas, a Igreja chamou aos maometanos de "os piores entre os celerados" (Bento XIV, Carta Quoniam, 1743) e de "ímpios e eternos inimigos da cristandade". (Pio II).
E sempre manteve-se alerta sobre suas nefandas ações. Até esta realidade ser drasticamente transformada com o advento do Vaticano II e seu novo olhar sobre o islã e as falsas religiões. (1)

Apesar de toda história que viveu a humanidade nas mãos dos infiéis muçulmanos, a história foi terrivelmente invertida, e hoje, os cruzados figuram como vilões de um passado obscuro, que estavam a serviço do ganancioso sonho imperialista europeu e da obscuridade da fé... E os maometanos como as pobres vítimas destes impiedosos cristãos.
Esta deturpação é obra, em parte, e significativa de maliciosos historiadores, entre os quais destaco Walter Scott e Joseph-François Michaud que propagaram uma visão odiosa das cruzadas, omitindo as barbaridades maometanas. Mas também de progessistas que invadiram a Igreja.


Mas a história das cruzadas se repete nos tempos modernos. O Império Otomano renasce nas metralhas do Estado Islâmico para ensinar a verdadeira história das cruzadas que nos foi invertida e ocultada e revelar as verdades menosprezadas da Igreja sem deixar margens a equivocos.

E caso o ocidente imponha alguma resposta energica à fúria maometana de nossos dias, tal como fez nos tempos medievais, a esquerda novamente entrará em cena para distorcer os fatos, e impor um véu de vitimismo no islã e de vilania no cristianismo, tal como já o faz sem pudor perante os acontecimentos trágicos que se sucedem.
Certamente num futuro, talvez distante, se os insanos esquerdistas continuarem a detêr o primado da informação, o ISIS figurará nos livros didáticos como os inocentes maometanas que foram esmagados pela tirânia imperialista do ocidente cristão... Assim como na Idade Média os maometanos são descritos como as pobres vitimas dos impiedosos cruzados. Assim, estes inimigos de Deus e da realidade costumam escrever a história.


Mas um fato é claro: Caso o islã vença, não haverá conservador ou revolucionário, cristão ou ateu, gay ou homofóbico, todos sucumbirão igualmente sob a espada sangrenta da jihad.


Nota:

1.  A Igreja olha também com estima para os muçulmanos. Adoram eles o Deus Único, vivo e subsistente, misericordioso e omnipotente, criador do céu e da terra (5), que falou aos homens e a cujos decretos, mesmo ocultos, procuram submeter-se de todo o coração, como a Deus se submeteu Abraão, que a fé islâmica de bom grado evoca. Embora sem o reconhecerem como Deus, veneram Jesus como profeta, e honram Maria, sua mãe virginal, à qual por vezes invocam devotamente. Esperam pelo dia do juízo, no qual Deus remunerará todos os homens, uma vez ressuscitados. Têm, por isso, em apreço a vida moral e prestam culto a Deus, sobretudo com a oração, a esmola e o jejum.E se é verdade que, no decurso dos séculos, surgiram entre cristãos e muçulmanos não poucas discórdias e ódios, este sagrado Concílio exorta todos a que, esquecendo o passado, sinceramente se exercitem na compreensão mútua e juntos defendam e promovam a justiça social, os bens morais e a paz e liberdade para todos os homens.

(Declaração Conciliar Nostra Aetate, 1965) 

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Dom Bosco apresenta-nos Maomé



S. João Bosco
(1815-1888)


Em sua "História Eclesiástica" Dom Bosco nos apresenta uma visão sucinta e adequada sobre a figura de Maomé, o homem cujo legado é objeto de grande preocupação para nossa civilização.
Ninguém melhor do que este grande luminar da cristandade para nos apresentar esta figura. Com seu olhar místico e perscrutador, D. Bosco deixa o suficiente a se conhecer sobre Maomé e o islã, por isso este texto é recomendado a todo cristão e deve ser amplamente divulgado.
Que o bom Deus defenda seu povo deste terrível flágelo e S. João Bosco interceda por nossa fragilizada civilização ocidental.

Maomé

Nasceu este famoso impostor em Meca, cidade da Arábia, de família pobre, de pai gentio e mãe judia.
Errando em busca de fortuna, encontrou-se com uma viúva negociante em Damasco, que o nomeou seu procurador e mais tarde casou-se com ele.
Como era epilético, soube aproveitar-se desta enfermidade para provar a religião que tinha inventado e afirmava que suas quedas eram outros tantos êxtases, durante os quais falava com o arcanjo Gabriel.
A religião que pregava era uma mistura de paganismo, judaísmo e cristianismo . Ainda que admita um só Deus, não reconhece a Jesus Cristo como filho de Deus, mas como seu profeta.
Como dissesse com jactância que era superior ao divino Salvador, instavam com ele para que fizesse milagres como Jesus fazia; porém ele respondia que não tinha sido suscitado por Deus para fazer milagres, mas para restabelecer a verdadeira religião mediante a força.
Ditou suas crenças em árabe e com elas compilou um livro que chamou Alcorão, isto é, livro por excelência; narrou nele o seguinte milagre, ridículo em sumo grau.
Disse que tendo caído um pedaço da lua em sua manga, ele soube fazê-la voltar a seu lugar; por isso os maometanos tomaram por insígnia a meia lua.
Sendo conhecido por homem perturbador, seus concidadãos trataram de dar-lhe morte; sabendo disto o astuto Maomé fugiu e retirou-se para Medina com muitos aventureiros que o ajudaram a apoderar-se da cidade.
Esta fuga de Maomé se chamou Egira, isto é, perseguição; e desde então começou a era muçulmana, correspondente ao ano 622 de nossa era.
O Alcorão está cheio de contradições, repetições e absurdos. Não sabendo Maomé escrever, ajudaram-no em sua obra um judeu e um monge apóstata da Pérsia chamado Sérgio.
Como o maometismo favorecesse a libertinagem teve prontamente muitos sequazes ; e como pouco depois se visse seu autor à frente de um formidável exército de bandidos , pode com suas palavras e ainda mais com suas armas introduzi-lo em quase todo o Oriente.
Maomé depois de ter reinado nove anos tiranicamente, morreu na cidade de Medina no ano 632.


(Fonte: São João Bosco, “Storia Ecclesiastica ad uso della gioventù utile ad ogni grado di persone”, 4ª ed. melhorada, Turim, Tipografia do Oratorio de San Francesco de Sales, 1871).

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A PL 5069/2013; a Lei Cavalo de Tróia e a grande vitória contra a Cultura de Morte no país



Militantes Pró-Vida durante a votação da PL. 5.069/3013. Foto: IPCO 


O que está acontecendo? 

Há alguns dias tivemos um acontecimento memorável na Política Nacional digno de efusivas manifestações de alegria. A aprovação da PL 5069/2013 de autoria do Dep. Eduardo Cunha (PMDB-RJ). 

Este Projeto de Lei se contrapõe diretamente a, assim chamada, "Lei Cavalo de Tróia" (1) (Lei 12. 845/2013), sancionada no ano passado pela “presidenta” Dilma Rousseff; e que facilitava, sob todos os aspectos, a prática do aborto no país. 

O que é a lei Cavalo de Tróia? 

É uma lei que contém um termo enganoso para esconder uma trama maléfica: a legalização do aborto no país.

O Projeto dispõe sobre o atendimento "obrigatório e integral" de pessoas em situação de violência sexual, que, no texto, é classificado como "qualquer forma de atividade sexual não consentida" (art. 2). 
Esta definição imprecisa de violência sexual é proposital, para facilitar a prática do aborto no país, por qualquer mulher que se disser vítima de violência sexual, visto que este é o critério básico, segundo o texto, para a aplicação da chamada “profilaxia da gravidez”, que na realidade trata-se de um termo suavizado para encobrir a prática do aborto. Portanto, qualquer gravidez causada por relação sexual “não consentida” pode ser interrompida como ato de "Profilaxia da gravidez" (Art. 3, inc. IV). 

Este termo (profilaxia da gravidez) foi adotado para driblar a desconfiança sobre o texto do projeto, que no original constava uma expressão que clarificava suas reais intenções (a legalização do aborto) e portanto, fortemente passível de rejeição. 

É típico da esquerda ocultar suas intenções através de truques semânticos, para esconder realidades intoleráveis. 
O aborto, primeiramente foi definido como “interrupção da gravidez” e como o termo não convenceu muito a opinião pública, foi substituído por “profilaxia da gravidez”. 

A mesma manobra se faz com outras pautas esquerdistas, como a eutanásia, que é classificada como “suicídio medicamente assistido”; as uniões homossexuais, que são pomposamente chamada de “uniões homoafetivas” ou a pedofilia, classificada como “amor entre gerações”.

Estas manobras revelam uma das características mais peculiares da esquerda: Sua língua dúbia. Tal como a serpente, com sua língua bifurcada a espreitar traiçoeiramente sua vítima, pronta a dar o bote fatal, a qualquer descuido. 

E foi num descuido fatal que o termo passou despercebido entre os deputados, e o projeto foi aprovado com maioria de votos e consequentemente sancionado no dia 1 de agosto de 2013. 

A Reviravolta

A grande reviravolta se deu na última semana (21 de Outubro) quando a CCJC (Comissão de Constituíção e Justíça da Câmara) votou e aprovou a PL 5069/2013 (2) que acrescenta ao Art. 127 do Decreto de Lei. N. 2. 848/1940, os seguintes termos:

"Anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto, induzir ou instigar gestante a usar substância ou objeto abortivo, instruir ou orientar gestante sobre como praticar aborto, ou prestar-lhe qualquer auxílio para que o pratique, ainda que sob o pretexto e redução de danos"
Sofrerá as penas referidas ao crime que são:
“pena de detenção de quatro a oito anos”
E caso o agente (do ato) seja funcionário de saúde pública, ou exerça profissão de médico, farmacêutico ou enfermeiro, a pena é de “prisão de cinco a dez anos”. 
Assim, é colocado um freio no morticínio de inocentes inaugurado com a lei Cavalo de Tróia. 

Entre os que se colocaram contra o projeto, nenhuma surpresa. Os deputados pró-morte: Erika Kokai, (PT), Maria do Rosário, (PT-RS), Chico Alencar,(PSOL-RJ) Cristiane Brasil (PTB-RJ), José Fogaça (PMDB-RS), Tadeu Alencar, (PSB-PE), Luciano Ducci (PSB-PR), João Carlos Bacelar, (PTN-BA), Paulo Teixeira, (PT-SP), Moema Gramacho (PT-SP), Paes Landim (PTB-PI), Rubens Pereira Jr. (PCdoB-MA), Valmir Prascidelli (PT-SP) e Paulo Teixeira (PT-MG).

Esta lei significa uma vitória significativa em todo o mundo contra a cultura de morte, que é promovida amplamente por fundações internacionais e auxiliadas pelas esquerdas mundiais.
Caso receba sanção presidencial, o projeto significará a maior vitória da história da luta mundial contra o aborto nas esferas políticas até hoje. 

Notas:

1. A lei Cavalo de Tróia é de autoria do Dep. Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e foi levada avante pelo então ministro da saúde Alexandre Padilha.

2. Após a provação na CCJC (Comissão de Constituição e Justiça da Câmara) o projeto segue para votação e sanção presidencial. 

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Uma Oração Cristera


Cristeros em oração


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Jesus misericordioso, meus pecados são muito mais do que as gotas de sangue que derramastes por mim. Não mereço pertencer ao exército que defende os direitos da tua Igreja e que luta por ti. Quisera nunca haver pecado para que minha vida fosse uma oferenda agradável a teus olhos. 
Lava-me de minhas iniquidades e limpa-me de meus pecados, por tua Santa Cruz, por minha Mãe Santíssima de Guadalupe; perdoa-me por não ter feito penitência de meus pecados. Por isso, quero receber a morte como um castigo merecido por eles. Não quero pelejar, nem viver, nem morrer senão por Ti e por tua Igreja. Mãe Santa de Guadalupe, acompanha em sua agonia a este pobre pecador. Concede me que meu último grito na terra e meu primeiro grito no céu seja:
Viva Cristo Rei! 

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Os Cristeros costumavam recitar diariamente esta prece após a recitação do Rosário. Ela foi escrita pelo beato Anacleto González Flores, o grande mentor dos Cristeros.  
Que lindo devia ser vê-los e ouvi-los recitar esta prece! Os bravos soldados de Cristo. 

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A Marcha da Insanidade


A grande marcha da destruíção mental prossegue. 

Tudo será negado. Tudo se tornará um credo. 
É razoável negar a existência das pedras na rua; será um dogma religioso declará-lo. 
É uma tese racional dizer que vivemos um sonho; será sanidade mística dizer que estamos acordados. 
Velas serão acesas para atestar que dois mais dois são quatro. (1)


G. K Chesterton


...As correntes de pensamento merecem adequada atenção. Segundo algumas delas, de fato, o tempo das certezas teria irremediavelmente passado, o homem deveria finalmente aprender a viver num horizonte de ausência total de sentido, sob o signo do provisório e do efemero. (2)



João Paulo II





A Marcha da Insanidade

O grande pai do monaquismo ocidental, Sto Antão, vaticinou em tempos muito remotos que "chegaria um tempo em que os homens enlouqueceriam, e quando vissem alguém são, se voltariam contra ele, dizendo: tu és louco!".
O século XXI mostrou-se digno de ser visto como este tempo descrito por Sto Antão. Uma regressão brusca de mentalidade acometeu os homens. A verdade foi negada, ou melhor, tornou-se obsoleta... Como de fato o é para os loucos, pois, se existe alguém que faz pouco caso da verdade, este alguém é o insano!
A verdade é acessório de homens sensatos.

A marcha da insanidade segue em nossos dias com ares de douta erudição. Se os loucos outrora eram confinados nos hospícios, hoje ocupam as catédras e ditam normas de conduta.
Os homens do século XXI vivem o barbarismo na radicalidade.

Constatamos, tristemente, que as mentes estão fora dos trilhos... Descarrilharam dos trilhos da razão e da justiça, por um desvio brusco na rota, e seguem sem rumo na iminência de uma colisão fatal.

Este trem em rota de colisão, já se aproxima de seus quilometros finais e, por isso, um desespero maior acomete seus passageiros. E muitos, antes da colisão fatal, se lançam do trem, num ato impensado de desespero. 

Enquanto o óbvio é negado e até ridicularizado, o absurdo é enaltecido e dogmatizado.
Tornou-se razoável crêr nem nada 'irracional' crer em algo. Tudo é negado, inclusive o que se vê e se toca. 
Será perigoso dizer que existimos... Será natural afirmar o contrário.

Os sãos serão reclusados nos sanatórios por afirmar a mais radical das realidades: a verdade dos fatos, que está acima das opiniões insanas... Enquanto os loucos serão coroados.

O existencialismo


Perceber a insanidade coletiva é fácil. Basta ler as tantas idéias que surgem por aí, e atraem a grande massa. O veneno mortífero é sorvido até a borda, e os primeiros a experimentarem seus efeitos letais, são seus próprios formuladores.

Que triste e solitário foi o fim de Foucauld, Nietzsche, Marx et caterva!  
De Voltaire, conta seu amigo Trouchon: "Se um demônio pudesse morrer, morreria como Voltaire". (3)

Passamos tragicamente de um mundo católico para um mundo caótico, -- e são estas as únicas escolhas da humanidade perante a fatalidade da existência: a luz da fé ou o caos da descrença. (4)

Vivemos em um mundo caótico, onde ninguém mais sabe dizer o que é certo ou errado; e se ninguém sabe distinguir estes dois elementos fundamentais da existência. Ninguém se entende. E se ninguém se entende, a confusão está generalizada.

A verdade não é mais o fim comum para onde convergem todos os discursos, mas exatamente o seu oposto... A verdade não é mais um fim, mas um instrumento para se alcançar um fim, pois, -- conforme afirmamos acima --, a verdade já não importa para o homem moderno.

O homem moderno vive um triste jogo de enganos. Grita-se escandalosamente: não há verdade! Não há mais aquele fato acima de tudo pelo qual tantos deram a vida.

O homem moderno passou a desejar o modo de vida dos animais, a considerá-lo melhor que o comportamento humano. A vida irracional e primitiva passou a ser vista como um ideal. 
Cair ébrio nas calçadas, contrair doenças em decorrêcia da vida tresloucada, irrefletida e sem controle, é a consequência mais que natural desta derrocada forjada. 
Mas antes destes efeitos trágicos no corpo... Veio os trágicos efeitos na alma. 

A Revolução nas almas foi feita sob o nome de existencialismo.
Um insano desvio do pensamento que proclamou "o absurdo da existência" e que a vida não passa de "um insignificante produto acidental de algumas moléculas de proteínas" e que não há nenhum sentido no viver. 
Tudo é pura evolução natural sem causas, -- criação do acaso --; o sentido da vida é o homem quem lhe dá.
Em outras palavras, o homem é um nada, que veio do nada, vive um nada e vai para o nada. 
Que bela perspectiva da existência! 
Como não esperar desta perspectiva a mais dolorosa crise existencial, a depressão, o suícidio?

O existencialismo legou à nossa sociedade uma terrível revolta contra todo sentido: na arquitetura, na música, na literatura, na pintura etc... 
Em todas as manifestações pseudos-culturais da modernidade exprimem esta revolta. 
A ordem natural das coisas foi drasticamente invertida, ou melhor, negada.
A filosofia existencialista roubou do homem aquilo que poderia fazê-lo sobreviver na mais intempérie condição: "Um sentido para viver".

"O homem pode suportar tudo... Menos a falta de um sentido". Afirmou o Dr. Frankl. E é exatamente este sentido que impede o homem de se autodestruir, pois, se não há um sentido, para quê viver?

Como descrever a caminhada errante e angustiosa de um homem que não vê sentido em nada?

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Traçarei aqui o paralelo entre duas iminentes figuras do século passado, o Dr. Viktor Frankl (1905-1997) e Jean-Paul Sartre (1905-1980). 
Curiosamente, ambos nascidos no mesmo ano. 
Compartilharam quase a mesma realidade, porém, tiveram conclusões diferentes diante da vida.


Jean-Paul Sartre

Sartre viu a ascensão de Hitler na europa; Viktor Frankl também.

Sartre bebeu festivamente com os nazistas, enquanto Frankl empreendia contínuas fugas dos amiguinhos de bebedeira de Sartre.


Dr. Viktor Frankl

Não obstante a invasão nazista, a vida de Sartre transcorria na sua habitual tranquilidade; enquanto a de Frankl, tornara-se um inferno.
Ao ser capturado pelos nazistas, Dr. Frankl experimentou na pele o ódio que corrói os demônios. Sofria espancamentos e constantes humilhações em Teresienstadt.
Enquanto Sartre gozava os prazeres das noites parisienses ao lado de sua fiel companheira de farras: Simone de Beauvoir.

Nestas condições tão contrárias, nasceram duas teses sobre a existência; duas percepções da realidade; duas visões do mesmo mundo.

Sartre concluiu na comodidade de seu escritório, -- e na confusão de sua mente -- que "a existência não tem sentido".
Ao mesmo tempo, nos horrores de Auschwitz, Frankl, compreendia que a vida tem sentido e na mais abissal condição, o homem pode encontrar mil razões pra viver.

Estas duas conclusões serviram de base para duas correntes de pensamento tão opostas que nasceram no século XX: O existencialismo e a Logoterapia.

Uma nasceu da experiência, a outra da mera intuíção.
Com quem ficamos? Com a prática ou com a teoria?

A teoria de Sartre não passou pelo crivo da experiência, nasceu da insanidade de sua mente e de sua percepção distorcidae vaidosa da realidade. 
Frankl no horror da guerra, percebia que a vida tinha sentido, e que no mais obscuro desespero, o homem pode encontrar um sentido que o faz prosseguir no espinhoso caminhar. Porque tudo está ordenado para um fim que supera todo o mal presente.

Dr. Frankl viu sua tese se comprovar na prática.
Onde homens e mulheres na mais desumana condição, encontravam um motivo para luta pela vida. 
Porque viam algo a mais na vida do que era capaz de ver o sr. Sartre na comodidade de seu lar. 
Não viam o homem como um produto de forças cegas e ocultas, não viam a vida como um delírio. Viam em tudo um sentido, algo trascendente! 
E este pensamento os fez emergirem  de sua pequenez e encontrar um  infinito por trás dos panos de fundo do aparente absurdo existencial. 

Por outro lado, Sartre foi pequeno diante da existência.
No sofrimento Frankl descobriu um sentido maior para viver e amar. Sartre encontrou um motivo para odiar a existência.

É assim que se portam grandes homens como Frankl. E é assim que se portam homens pequenos como Sartre diante da vida.
Isto nos lembra dos prisioneiros da famosa frase de Santo Agostinho que das grades da prisão viram coisas diferentes: Um, viu as estrelas, o outro, a lama.
Das grades da existência, cada um vê diferente. Frankl do horror de Theresienstadt viu as estrelas. Sartre da obscuridade de sua mente e da comodidade de seu lar, viu a lama.

A descoberta de Frankl serviu para classificar a doença que acometia as tristes figuras que são os existencialistas: "Neuróticos Noogênicos". Ou simplesmente, "desesperados".
Pois que desesperador é olhar para a existencia com esses olhos fatalistas! Que vê unicamente um amontoado de cores, sons e sensações sem qualquer sentido. Tudo fruto de um absurdo sem causa e efeito ou razão de ser.

Frankl foi ao cume do desespero. Voltou e concluíu: "o sentido da vida é uma experiência ontologica, não uma criação cultural". 

Para Frankl, a vontade humana não se move unicamente pelo prazer, como acreditava Freud (vontade do prazer), nem pelo desejo de poder, como acreditava Adler (Vontade do poder). 
O homem move-se em busca de um sentido na existência, ao que Frankl chama: Vontade de sentido.

A logoterápia, ou análise existêncial, mostrou-se em poucas décadas de aplicação mais eficaz que a psicanalise em quase um século de aplicação. Mostrou-se um excelente antidoto para a doença que o existencialismo semeou nas mentes.


Notas

1. cf. CHESTERTON, Gilbert Keith. Heretics. Tradução do original em inglês:
"The Great march of mental destruction will go on. Everything will be denied. Everything will become a creed. It is a reasonable position to deny the stone in the streets, it will be a religious dogma to assert them. It is a rational thesis that we are all in a dream; it will be a mytical sanity to say that we are awake. Fire will be kimdled to testify that two and two make four".

2. cf. João Paulo II, Fides et Ratio, 9,

3. cf. Apud TÓTH, Tihámer. A Religião e a Juventude. 2 ed. Taubaté: Editora SCJ, 1951. p. 121.

4. A Europa que bania seus crucifixos de locais públicos, agora, vê-se obrigada a curvar-se perante a meia lua do islã.


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Revendo a Inquisição



            Em nossos dias, quando se fala em Inquisição, a imaginação popular é imediatamente povoada por cenas horripilantes dos “terríveis” tempos medievais com suas fogueiras e vítimas inocentes sendo condenadas injustamente à morte por uma instituição opressora chamada Igreja Católica. Neste contexto, figuravam os religiosos impiedosos e cruéis com seus variados instrumentos de torturas prontos a esfolar qualquer um que lhe cruze o caminho despreocupadamente.
Assim, a maioria das pessoas acostumou-se a pensar em Inquisição, sem no entanto, possuir dela qualquer conhecimento aprofundado, ou mesmo certificar seriamente se o que aprendeu na escola corresponde fielmente aos fatos.

É público e notório que esta visão hedionda que povoa a imaginação popular foi forjada maliciosamente há séculos, especificamente na Renascença; ganhou força e notoriedade entre os “iluministas” – embora estes, tenham conservado um certo limite no repertório de mentiras elencadas contra esta instituição – e se impregnou nas mentes através de repetições exaustivas ao longo de mais de cinco séculos.

Mas, foram de fato a crueldade e a intolerância as forças motrizes deste tribunal tão odiado chamado “Santa Inquisição”? Eis uma pergunta que deveria nos deter nos umbrais desta questão, antes de repetir tantos chavões que nascem antes da ignorância do que de qualquer conhecimento real do assunto. A vida de tantos inquisidores da estatura moral de um São Domingos de Gusmão; um São Luís Bertran; um S. Pio V e tantos outros nos mostram um outro lado da inquisição que foi omitido nas aulas de história.


São Domingos de Gusmão, Santo
Inquisidor, fundador dos dominicanos


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O espírito da Inquisição nasceu de nobres ideais e de uma preocupação legitima da época (que veremos mais adiante). E um destes ideais, tão caro ao homem medieval, era o amor à verdade. Foi este ideal que animou a conduta de muitos destes homens tão difamados, que no entanto, mereceram a honra dos altares.

Os inquisidores não agiam impulsivamente, condenando a torto e a direito qualquer um. Havia uma regra de conduta fundada na lei evangélica e nos ensinamentos dos santos a guiá-los, e quaisquer transgressões destas regras, acarretavam graves punições ao inquisidor. Uma síntese destas regras de conduta se encontra no Manual do Inquisidor de Bernard de Gui (considerado um dos mais rígidos inquisidores, viveu séc. XVI). Nele se diz:

“O inquisidor deve ser diligente e fervoroso no seu zelo pela verdade religiosa, pela salvação das almas e pela extirpação da heresia. Em meio as dificuldades permanecerá calmo. Nunca cederá à cólera, nem à indignação. Deve ser intrépido, enfrentar o perigo até a morte; todavia, não precipite as situações por causa da audácia irrefletida. Deve ser insensível aos rogos e às propostas daqueles que o querem aliciar; mas também não deve endurecer o seu coração a ponto de recusar adiamentos e abrandamentos das penas, conforme as circunstâncias. Nos casos duvidosos, seja circunspecto; não dê fácil crédito ao que parece provável e muitas vezes não é verdade; também não rejeite obstinadamente a opinião contrária; pois o que parece improvável, frequentemente acaba por ser comprovado como verdade. O amor da verdade e a piedade que devem residir no coração de um juiz, brilhem nos seus olhos, a fim de que suas decisões jamais possam parecer ditadas pela cupidez e crueldade”.(cf. Prática VI, Douis 232s).

Estas exigências de que fala acima “o manual do inquisidor” foram marcantes na vida dos verdadeiros símbolos do espírito que guiou a inquisição, tal como: S. Domingos de Gusmão (a personificação dos verdadeiros ideais da Inquisição) S. Pio V, S. Pedro de Verona, S. Raimundo de Peñafort, S. Pedro Arbués, S. Turíbio de Mongrovejo, S. Luis Bertran e tantos outros homens santos que integraram estas egrégias fileiras, além de outras figuras notaveis da cristandade, que apoiaram a Inquisição como Sto Antônio de Pádua, S. Boaventura, Sto Tomás de Áquino, S. João de Capistrano, S. Roberto Belarmino, S. Fidelis de Sigmaringen e a lista vai longe.
Evidente que, como em todas as instituições humanas a Inquisição teve seus pontos falhos, mas querer reduzir a conduta de toda uma classe a partir de uma pequena parcela de seus membros corrompidos é absurdo! Não se faz isso com a medicina, apesar de seus maus médicos; não se faz isso com a arquitetura, apesar de seus maus arquitetos e, não se faz isso com o direito apesar de seus maus juristas. Se por um lado, a Inquisição teve as figuras perversas de Torquemada, Conrad de Marburg, Bernard de Gui, por outro lado, teve as figuras angelicais de S. Domingos de Gusmão, S. Pio V, S. Pedro de Verona, S. João Capistrano, e tantos outros santos cujos nomes são omitidos da lista de inquisidores, para se lembrar só dos maus. É como se contassem a história dos apóstolos a partir da biografia de Judas Hiscariotes.

Mas, felizmente, a nuvem negra que paira sobre a história da inquisição começa a se dissipar. Em 1998, no Vaticano, ocorreu o grande Simpósio Internacional sobre a Inquisição, reunindo 30 renomados historiadores sob a direção do autorizado pesquisador Agostino Borromeo, para o maior estudo sobre a Inquisição já feito. O resultado do simpósio nos legou um documento de quase 800 páginas, que é leitura obrigatória para todo aquele que se põe a pontificar a respeito deste tema.

O simpósio descobriu uma realidade bem diferente do que nos foi ensinado em tantos séculos de deturpação ideológica. Segundo os dados sobre o mais caluniados dos tribunais da Inquisição: o espanhol, abolido em 1834. Os registros dos processos indicam que de 1540 a 1700, foram celebrados 44.674 juízos por tribunais inquisitoriais, sendo condenados apenas 2% (mais precisamente, 1,8%) das pessoas julgadas; outros 1,7% foram condenados em contumácia, ou seja, não foram justiçados pessoalmente, mas em lugar delas foram queimados ou enforcados fantoches. Um número “insignificante” perto dos estragos perpetrados por comunistas e jacobinos em suas revoluções.

Porém, contrapondo-se a conclusão unânime deste grande Simpósio, muitos, obstinados no ódio à Igreja, desprezam suas conclusões, e continuam a crer piamente nas fontes duvidosas dos séculos XVI, XVII, que nunca passaram por um exame apurado. Questionam a conclusão dos especialistas, mas são incapazes de questionar as versões históricas infundadas que absorveram passivamente.

A necessidade da Inquisição

Antes de analisar o tribunal da Santa Inquisição, deve-se analisar a justiça penal que a antecedeu. Assim como, antes de se analisar um fato histórico se analisa o contexto e a mentalidade que a gerou. Se não, corre-se o risco de julgar o passado à luz do presente, e assim, cair em grave anacronismo.
No mais, outros valores regem nossa sociedade, totalmente opostos aos que regiam a Idade Média. Em nossa época, impera nas mentes e nos corações o materialismo, o hedonismo, o relativismo etc. Enquanto, na Idade Média o povo tinha fé num Deus onipotente, justo e amoroso. Portanto, lida-se com fatos de outra natureza mental, totalmente estranhos a nossa mentalidade. Logo, para compreender tal universo cultural, devemos nos inserir num clima religioso, caso contrário, não se poderá julgar adequadamente os fenômenos da época. O mesmo ocorrerá com os historiadores do futuro que julgarem a nossa época. Deverão se transportar a nossos valores e nossa cosmovisão para nos entender.

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O advento da Inquisição representou um grande avanço para a justiça criminal da época. Uma visada sobre a Europa pré-cristã, onde predominava a barbárie dos costumes, nos faz entender o porquê desta afirmação.
Um dos exemplos de diversões dos povos romanos era o circo, não o circo nos moldes atuais, mas o circo em que se exibiam como atração principal: pessoas sendo trucidadas por feras. Outro exemplo de espetáculo da época, era a crudelíssima luta de gladiadores que atraía multidões às arenas. Isso fazia parte do contexto anterior a cristianização da Europa.
Entre os germânicos, tais episódios ainda eram mais escabrosos. De modo, que não mencionaremos para não ser demasiadamente chocantes, embora – tais episódios, sejam bem conhecidos. Se uma sociedade se divertia através de selvagerias, imaginemos como punia seus criminosos!

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Naqueles tempos, todos os crimes tinham punições severas – na maioria dos casos, penas físicas –, que eram aplicadas em praça pública para o deleite das turbas insandecidas, principalmente quando se tratava de prostitutas e ladrões.

Os blasfemadores, por exemplo, tinham os lábios superiores ou inferiores cortados, ou a língua arrancada; os ladrões tinham as mãos decepadas ou queimadas. Mas isso tudo não se comparava a uma pena aplicada na Itália, onde o condenado sofria um suplício hediondo por quarenta dias. Neste suplício, a cada dia, o condenado tinha uma parte do corpo arrancada até seu definitivo expirar. Além dos terríveis e injustos ordálios que vigoravam na cultura germânica.
Penas como estas predominavam naqueles tempos da Europa pagã e, naturalmente, no caráter daquele povo estava impresso uma insensibilidade insensata que não se comovia com os suplícios dos condenados, antes se compraziam em assisti-los. Em suma, a lei de Talião vingava e prosperava na Europa.
Sem falar da clássica “justiça com as próprias mãos” que no mais das vezes, era a forma mais comum de se fazer justiça naqueles tempos. Imaginemos o caos em que estava imersa aquela sociedade!
O cristianismo sendo um fator de unidade do Estado, teve a incumbência de colocar ordem naquele caos. Porém, esta intervenção demorou a ocorrer.
E a desordem se generalizou quando o direito romano consagrou os crimes contra a fé, como crimes de lesa-majestade divina, que daí por diante, passaram a ser punidos com todo o rigor da lei civil.
O imperador Frederico II, também promulgou uma série de penas contra os hereges – entre elas, a condenação à fogueira – que muito agravava a condição dos acusados de heresia. E isto, não porque Frederico fosse um zeloso católico, mas porque via na heresia um grave distúrbio da ordem social.

Também não havia naquela época a prisão para os criminosos, esta pena foi inicialmente aplicada pela Igreja para salvar da crudelíssima morte muitos inocentes. Os cárceres eram as celas dos mosteiros, onde o criminoso ficava recluso para pensar suas culpas e fazer penitências por elas.
Após esta rápida visada pelo contexto medieval que antecedeu a Inquisição, nos perguntamos: Como se pode falar da Inquisição e ignorar todo este contexto hediondo que a precedeu? A brutalidade que o Império Romano e os povos germânicos puniam seus criminosos? Como ignorar esta realidade tão cruel que a Inquisição veio extirpar?

Analisar um episódio de um longínquo passado, e ignorar o ambiente e a situação que a motivou é um despautério imperdoável a um historiador, no entanto, foi assim que se ensinou a história em nossos dias. Ensinou-se com o mesmo ódio anticlerical com que se deturpou a História. Ora, porque a justiça do Império Romano, e mesmo a justiça germânica, tão atrozes, são isentas destas afrontas que sofre injustamente a Inquisição?

Portanto, é imprescindível lembrar que a Inquisição foi produto de um tempo muito diferente da nosso. E na época, significou o maior avanço do Direito Penal. De forma muito sucinta, o historiador protestante, e inimigo declarado da Igreja, Henry Charles Lea, analisou desta forma o tribunal da Santa Inquisição:

“A inquisição não foi uma organização arbitraria concebida e imposta sobre o sistema judicial da Cristandade pela ambição e o fanatismo da Igreja. Foi antes o produto natural – poder-se-ia dizer inevitável – da evolução das diversas forças de ação do século XIII […] Os inquisidores se preocupavam muito mais em converter os hereges do que em fazer vítimas”.(LEA, Henry Charles. A History of the Inquisition of the Middle Ages. Vol. I, New York: Harper & Brothers Franklin Square, 1887)

Esta afirmação tem uma importância singular, tanto pela imparcialidade do autor – que foi um ferrenho anticlerical – e por sua indiscutível autoridade no assunto, um dos maiores especialistas em Inquisição de todos os tempos.
Até a anticlericalíssima Enciclopédia Iluminista de Diderot e D'Alembert, reconhecia a desonestidade com que se tratava a Inquisição:

“Sans doute qu’on a imputé à un tribunal, si justement détesté, des excès d’horreurs qu’il n’a pas toujours commist: mais c’est être maladroit que de s’élever contre l’inquisition par des faites douteux, et plus encore, de chercher dans le mensonge de quoi la rendre odieuse”
(Sem dúvida, imputamos a um tribunal, tão justamente detestado, excesso de horrores que ele mesmo nem sempre cometeu; é incorreto que se levante contra a Inquisição fatos duvidosos e mais ainda, procurar na mentira o meio de torná-la odiosa).(Encyclopédie ou Dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers, Tomo VIII edição de 1765, p. 775)

De fato, como bem diz a Enciclopédia Iluminista, os inimigos da Igreja se apoiaram incondicionalmente na mentira como forma de demonizar a Igreja e suas instituições.

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Após esta síntese sobre o caótico cenário do sistema criminal antes da instauração da Inquisição, vamos ao fato que a motivou – já que além de omitirem o ambiente selvagem que a precedeu, com muita frequência se omite o que a motivou.

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Uma das características dos povos bárbaros que habitavam a Europa nos tempos medievais, era a fidelidade total a um líder, de modo que, ao se converter um rei bárbaro ao cristianismo (como aconteceu com Clóvis) todo o seu povo o seguia nesta adesão; embora, não acontecia uma adesão formal, mas uma adesão meramente simbólica, sem que os súditos sigam fielmente os ensinamentos da religião do monarca.
Inclusive, o supracitado, Rei Clóvis, a despeito de sua conversão ao cristianismo, ainda conservou por muito tempo o típico temperamento que caracterizava os bárbaros.
Conta-se que certa ocasião lhe narravam a Paixão de Nosso Senhor e, enquanto descreviam os escárnios e suplícios sofridos por Jesus; Clóvis, indignado, exclamava cheio de fúria: “Ah, se eu estivesse lá com os meus francos!”

Assim aconteceu, durante a conversão dos francos. Que colocaram a disposição da Igreja seus dotes guerreiros; e desta forma, entravam em ação sempre qualquer ameaça se apresentava contra a Igreja. Portanto, para aquele povo brutalizado, qualquer um que atentasse contra a fé do seu líder, era visto como um grande inimigo, digno da mais severa punição.

A Igreja não aprovava tais atitudes e até as repreendia duramente. Tanto que excomungou os autores de um livro que se afamou na época, o Malleus Maleficarum, pregando a violência a supostos hereges. Leão X excomungou Torquemada por seus excessos, e o VI Concílio de Toledo proibiu terminantemente aos clérigos participarem dos juízos de sangue, ou seja, aos que implicassem a pena de morte. Mas era impossível para a Igreja ter um controle sobre o povo a fim de evitar excessos em defesa da fé.

Os cátaros

Passemos agora ao punto saliens da questão: Os cátaros.
Todos estes pontos supracitados, se agravaram em proporções catastróficas no século XIII com o despontar de uma estranha e terrível heresia que provocou grandes distúrbios na sociedade da época.
Eram os cátaros (do grego Khatarós, puros), mais conhecidos como albigenses por situarem sua sede na cidade de Albi, no Lanquedoc (sul da França).
Os cátaros sustentavam uma estranha cosmologia, onde dois deuses travavam uma ferrenha batalha pelas almas. Na crença catara, Cristo teria sido um espírito, semelhante a um anjo, e sua missão seria conduzir a humanidade ao mundo espiritual. Por outro lado, havia um Deus mau, criador da matéria, que eles chamavam demíurgo, conforme a tradição grega; e a este cabia o papel de fazer as pessoas viverem e amarem a matéria, para assim se perderem nela, sem jamais encontrar o mundo espiritual.
Neste universo dualista, o corpo e a matéria seriam o cárcere da alma, que lutava por se libertar do mundo material a todo custo, e só assim, alcançar a bem-aventurança eterna no mundo espiritual. Logo, tudo que era material e tudo que favorecesse a matéria, significava um triunfo do demiurgo no mundo. Por isso, os cátaros, eram contra a propriedade privada; o casamento; o sexo e a gravidez. Em suma: eram contra a própria vida biológica, fonte de onde emanava os males da humanidade. E neste desvario pseudo-teológico, muitos cátaros praticavam suicídio em massa, através de jejuns suicidas (endura). Outra prática revoltante dos cátaros, era o assassinato de mulheres grávidas e a destruição de plantações inteiras. Isso, segundos os hereges, para conter o crescimento do reino do demiurgo no mundo.
Os cátaros, portanto, eram um perigo não só para a fé, mas, para toda a humanidade – como eram contra a vida biológica – seu triunfo no mundo significaria um desastre irreparável ou até mesmo a extinção da civilização ocidental.
Naturalmente, esta insana heresia, provocou muitas revoltas no medievo e, muitos faziam justiça com as próprias mãos diante de tão odiosas práticas.
A situação tornara-se tão caótica, que tiveram que recorrer ao Papa, a autoridade máxima da época, para apaziguar a questão.
O Papa optou pelo lado diplomático, enviando ao Lanquedoc o bem-aventurado Pierre Castelnau (1170-1208) para negociar com os hereges.
Estas negociações duraram cerca de 20 anos, sem nenhum resultado, até que Pierre de Castelnau foi brutalmente assassinado pelos cátaros em 1208, o que veio a desencadear uma incontrolável revolta, culminando em uma cruzada contra os albigenses (1209 e 1244) convocada pelo Papa Inocêncio III. A Cruzada contra os cátaros durou cerca de 20 anos, e neste clima de revolta, era comum, simples suspeitas de heresia terminarem em justiçamento pelo povo.

Com a situação fora de controle, o Papa Gregório IX (1227-1241) resolveu intervir, criando o Tribunal da Santa Inquisição (Inquisitio Hæreticæ Pravitatis) por volta de 1231, (chamada Inquisição Pontifical) para investigar e apurar as denúncias de heresias que o povo fazia antes de se entregar o acusado ao braço secular, que era encarregado de punir os criminosos.

A Inquisição trouxe abrandamentos e indiscutíveis avanços ao direito penal da época. Como por exemplo, o fundamental direito de defesa ao acusado. O próprio Michel Foucault, autor tão apreciado nos meios anticatólicos reconheceu o papel da Inquisição no desenvolvimento de uma ordem legal. Escreve ele:
"O inquérito foi com efeito a peça rudimentar e fundamental, para a constituição das ciências empíricas; foi a matriz jurídico-política desse saber experimental, que, como se sabe, teve seu rápido surto no fim da Idade Média. É talvez verdade que a matemática, na Grécia, nasceu das técnicas da medida; as ciências da natureza, em todo caso, nasceram por um lado, no fim da Idade Média, das práticas do inquérito. O grande conhecimento empírico que recobriu as coisas do mundo e as transcreveu na ordenação de um discurso indefinido que constata, descreve e estabelece os “fatos” (e isto no momento em que o mundo ocidental começava a conquista econômica e política desse mesmo mundo) tem sem dúvida seu modelo operatório na Inquisição — essa imensa invenção que nosso recente amolecimento colocou na sombra da memória." (Vigiar e Punir)

É aqui que se ergue outro ponto candente desta história, e que é ao mesmo tempo fruto da total ignorância por parte dos detratores desta instituição. Acusa-se a Inquisição de diversos crimes como a tortura e o assassinato, funções exclusivas do braço secular. Portanto, ninguém era morto em “autos de fé” como absurdamente se convencionou afirmar.
A Inquisição, como seu próprio nome sugere (inquérito), era um mero tribunal de investigação de crimes contra a fé, portanto, não era órgão punitivo, mas meramente, investigativo. No mais, em toda a história nunca se viu tribunal mais clemente que este, salvo alguns poucos casos particulares em que o poder eclesiástico foi usurpado pelo poder civil.
O réu da Inquisição gozava de tais indultos que não se veem nem nos tribunais modernos. Um exemplo famoso é o de Alazais Sicrela no ano de 1250, que recebeu licença para passar uns dias fora do cárcere e retornar no dia de todos os santos. Alazais ficou sete semanas longe do cárcere. E isto não foi uma rara excesão, o direito as férias era comum, além do direito que o acusado tinha, chamado propter infirmatatem, em que o réu podia sair do cárcere para tratar-se, caso estivesse enfermo.
Em geral, eram raros os casos em que o tribunal entregava o acusado ao braço secular, geralmente o simples arrependimento do acusado perante o tribunal e a renúncia de seus erros era o suficiente para sua absolvição. No mais, as penas consistiam em peregrinações, jejuns esmolas e outros atos de piedade.

Conclusão

Afirmou-se por muitos séculos que a Inquisição matou milhões, e acreditou-se piamente nisso, mas esta acusação é tão infundada e absurda que não resiste ao mínimo questionamento sério e a uma pesquisa aprofundada. Não resiste as próprias contradições anticlericais, deixadas nos milhares de livros por eles escritos.
É espantoso o número de vítimas que fez o comunismo em sua história, mais de 100 milhões, no entanto esta doutrina é sumamente louvada em nossas escolas e universidades, e tal louvor parte exatamente, das mesmas figuras que detratam a Inquisição. A Revolução Francesa que em um ano matou mais que a Inquisição Espanhola em seis séculos (1478-1834) é incensada nos meios acadêmicos, a própria “Inquisição” protestante, com seus horrores insuperáveis é esquecida pelos livros de história. Por que só se maximiza os erros da Inquisição? Porque se oculta seu lado positivo? Porque os que protagonizaram as revoluções sanguinárias e anticristãs foram os mesmos que escreveram a história.
Assim, há séculos a história é escrita com a tinta do mais puro preconceito. De modo, que não recebemos outra visão dos fatos senão a daqueles que deturparam a história desde a renascença. Mas, qualquer um que resolver exceder os limites desta visão limítrofe e odiosa, entrincheirada com slogans e clichês irrefletidos, descobre uma realidade totalmente diferente do que aprendeu nos livros anticlericais. Descobre algo a mais além das fogueiras e das lendas negras; descobre o direito penal moderno nascendo nos tribunais da Inquisição; descobre santos trajando a toga de inquisidor; descobre a fé de um povo combatendo com denodo os perigos que ameaçavam os rumos de nossa civilização .


domingo, 11 de outubro de 2015

Uma Instituíção Divina





Uma Instituíção Divina

Dois altares sagrados se ergueram na história da humanidade, dos quais jorraram vida: O altar celeste do santo sacrifício de Cristo que se perpetua ao longo dos séculos na Santa Missa e o altar terreno do leito nupcial que perpetua a espécie humana na terra. 
Ambos são movidos pelo amor; um, por um amor mais perfeito, o outro, por um amor ainda imperfeito, mas ambos sagrados.

O matrimônio é um acontecimento que transcende seu limiar terreno. Não é uma mera união de corpos, como insinua o mundo, mas a imagem de uma união mais profunda que se deve consumar na eternidade, como ensina a Igreja.
"A união conjugal, escreve Pio XI, é acima de tudo, um acordo mais estreito que o dos corpos; não é um atrativo sensível nem uma inclinação dos corações o que a determina, mas uma decisão deliberada e firme das vontades" (Casti Connubii, 7). 
Sobre o matrimônio, escrevia ainda São Paulo: "Este mistério é  grande..." (Ef 5, 32). 
Há um mistério tão profundo na união matrimonial que ela é comparada a união de Cristo com a Igreja (cf Ef 5, 22). 
O mistério sublime que se realizou ainda nos tempos da inocência original, onde o primeiro homem sentiu-se misteriosamente só. 
Misteriosamente porque, embora tivesse a companhia do Criador, sentiu necessidade de uma auxiliar! 
Esta solidão que o primeiro homem sentiu, não foi aquela terrível solidão interior -- angústia de uma ausência inexplicável e insuprível consequência do pecado original --, mas uma mera solidão exterior. A solidão natural que sente qualquer criatura sem outros semelhantes.
"Não é bom que o homem esteja só, façamos-lhe uma auxiliar" (Gen 2, 18) disse o Criador. Deus estava longe de ser um semelhante, sendo infinitamente superior ao homem. 

É esta ausência natural que leva o homem a procurar alguém que o complete. Um desejo que transpassa os desejos meramente carnais. Uma centelha da união divina que nossa alma anseia um dia experimentar na eternidade.


O matrimônio nas páginas da Escritura e do Magistério


     O matrimônio marca decisivamente as páginas das Escrituras. Do Gênesis ao Apocalipse a vida terrena é inaugurada e encerrada com um matrimônio. No primeiro caso, a união de Adão e Eva -- nossos primeiros pais --; no segundo, a união de Cristo com a Jerusalém celeste -- a Igreja. 

O matrimônio foi o ambiente em que aconteceu o primeiro milagre de Jesus (cf Jo 2). E ainda narra o evangelista que as bodas em Caná ocorreram no terceiro dia (Jo 2,1) assinalando também, naquelas bodas, uma prefiguração da Paixão que haveria de se suceder ao final da peregrinação terrena de Nosso Senhor. 
Nas bodas de Caná, Cristo trouxe um vinho novo, no entanto, passageiro. Nas bodas do calvário, Cristo concedeu seu sangue como bebida de salvação eterna. 
A união esponsal ainda está analogamente ligada a Paixão de Nosso Senhor, de modo que, o leito nupcial torna-se no ato conjugal um altar, e o casal, os ministros a celebrar este sacramento, no qual podem repetir um ao outro as santas palavras de Nosso Senhor na véspera de sua Paixão: "Isto é o meu corpo que será entregue por vós". Por isso, o apóstolo reforça esta imagem ao dizer: "Maridos, amai vossas esposas como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela" (Ef 5, 25). E como Cristo amou e se entregou pela Igreja? Na Cruz! Assim como os esposos devem entregar-se pelas suas esposas nos espinhosos caminhos do matrimônio, até o fim, conforme prometeram diante de Deus. "Na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, na alegria  e na tristeza... Para todo o sempre."


A principal finalidade do matrimônio


Que a procriação dos filhos seja a razão do matrimônio"
(Sto Agostinho, De Bono Conj. XXIV, 32)

Os filhos são um dom do Senhor, o frutos das entranhas é uma recompensa.
(Sal 126, 3)


***

Algumas palavras do rito matrimonial nunca devem ser esquecidas pelo casal. A primeira é a de que esta escolha é livre e de todo coração, e que o casal se compromete mutuamente a sempre deverem-se o amor e o respeito. 
E o mais grave destes compromissos: aceitar livremente os filhos que Deus os enviar e criá-los em sua santa vontade.
Digo, que este é o mais grave porque, esta sociedade pagã em que vivemos, vê a maternidade com maus olhos e adota leis ímpias para controlá-la, indo em direta oposição as leis divinas e naturais.

Deus dotou o homem de uma parcela de seu dom criador, por isso um dos compromissos assumidos no altar, antes daquele decisivo sim, foi o de dar posteridade à espécie: 
“Estais dispostos a receber amorosamente da mão de Deus os filhos que Ele lhes enviar e a educa-los...?”, interroga a Igreja no rito do matrimônio. E esta é uma condição, sine qua non, diria, para a consumação do sacramento matrimonial. 

Na modernidade, numerosos casais egoísticamente renunciaram este dom divino que Deus tão amorosamente legou a humanidade, para abraçar a cultura neo-pagã, onde o prazer carnal é mais importante que os filhos; os meios mais importantes que o fim. 
Mas, mesmo assim, o maior dos bens que um casal pode ostentar sempre serão os filhos, e a infecundiade sempre figurará em tons sombrios em todas as épocas.

A infecundidade marca as páginas das Escrituras como um grande infortúnio. Comovente é o drama de Ana por sua infecundidade (cf. I Sam 1, 1-8). A esterilidade é uma condição tão vergonhosa para a mulher hebraica que Sara preferiu ver seu esposo engravidar uma de suas escravas a se ver sem posteridade (cf. Gen 16, 1-6); e a cada filho gerado por Lia, era recebido com grande louvor (cf. Gen 29, 31-35); por outro lado, na mesma casa pairava o sofrimento indizível de Raquel por sua infecundidade, a ponto desta preferir a morte a permanecer nesta triste condição: “Dá-me filhos senão morrerei”. (Gen 30, 1)

Nos tempos modernos, a esterilidade não é algo belo, e longe está de sê-lo, no entanto, a mídia, os governos, e tantos orgãos poderosos, ensinam que o número de filhos deve ser cada vez mais reduzido. Estimula-se assim o hediondo controle de natalidade (também chamado Planejamento Familiar para suavizar a gravidade do ato)
O Santo Padre Pio XII em um discurso dirigido às famílias numerosas, indo na contra mão de tudo o que ensina a sociedade neo-pagã, afirmou categoricamente que as famílias numerosas são as famílias mais abençoadas por Deus:
"...As famílias numerosas, isto é, as que são  mais abençoadas por Deus, queridas e estimadas pela Igreja como os tesouros mais preciosos". (cf. Alocução de 20 de janeiro 1958)
Pio XII ainda condena o controle de natalidade como "uma das aberrações mais prejudiciais da moderna sociedade pagã”.

Nos tempos modernos estas verdades perenes foram reafirmadas pela Igreja com toda ênfase: "Os filhos são o dom mais excelente do matrimônio...", (Gaudium et Spes, 50), diz o Vaticano II. E continuam a ser parte  inalterável do ensinamento da Igreja. Que nunca abrirá mão desta verdade! 


Conclusão


Um dos primeiros sintomas da decadência de uma sociedade se percebe no desvio e desprezo da sacralidade do matrimônio. 
O demônio semeou, ao longo da história, no leito nupcial sua cizânia, causando grandes desordens na humanidade. Antes de se perverter uma  sociedade,  se perverte o leito nupcial. 
Por isso, a Igreja, como mãe e mestra da humanidade, compreendeu o perigo destas desordem e lutou com denodo contra todos os males que ameaçavam a vida matrimonial. 
Quantos pontífices não sofreram duras penas por se oporem aos desvios que ameaçavam o caráter sagrado do matrimônio? 
Basta recordamos de Pio VII que enfrentou a fúria de Napoleão por negar a nulidade do casamento de seu primo. Clemente VII e Paulo III sofreram os duros golpes de Henrique VIII por contrariarem suas desordens. Nicolau II fora perseguido por Lotário; Urbano II e Pascoal II padeceram a ira de Felipe I, rei da França, e tanto Celestino III como seu sucessor Inocêncio III receberam a fúria de Felipe II, príncipe da  França. Mas, nenhum deles se equipara ao maior dos profetas já nascidos de um ventre: João Batista. Morto por Herodes por se opor a seus adultérios.

Todas estas perseguições tiveram como causa, a impassividade da Igreja de Cristo em defesa do matrimônio. Porque é parte de sua missão zelar pela inviolabilidade deste sacramento... Quer agrade ou desagrade os homens. E o dia que um cardeal, bispo ou mesmo o sumo pontifice se opôr a esta ordem divina, sabei que ele não está sob as ordens de Cristo, mas seguindo o próprio ego ou a inspiração do demônio.