Cardeal H. Edward Manning (1888, Inglaterra, 1892) |
A apostasia da cidade de Roma através do vigário de Cristo, e sua destruição pelo Anticristo, pode ser um pensamento tão novo para muitos católicos que eu penso que seria bom recordar o texto dos teólogos de maior reputação. Primeiro, Malvenda que escreve expressamente sobre o assunto, e declara, assim como a opinião de Ribera, Gaspar Melus, Viegas, Suarez, Belarmino e Bosius que Roma deve apostatar da fé, afugentar o vigário de Cristo e retornar ao seu antigo paganismo. As palavras de Malvenda são: “Mas a própria Roma nos últimos tempos do fim do mundo retornará a sua antiga idolatria, grandeza e poder imperial. Ela expulsará seu pontífice, completamente apostata da fé cristã, perseguirá terrivelmente a Igreja, derramará o sangue dos mártires com mais crueldade do que nunca, e recuperará seu estado anterior de abundante riqueza, ou até maior do que tinha sob seus primeiros governantes”.
Lessius diz: “nos tempos do Anticristo, Roma deverá ser destruída, como vemos abertamente no décimo terceiro capítulo do livro do Apocalipse;” e outra vez: “A mulher a quem vistes é a grande cidade, que tem o reino acima dos reis da terra, na qual é significada Roma em sua impiedade, tal como foi no tempo de São João, e deverá ser outra vez no fim do mundo.” E Belarmino: “No tempo do Anticristo, Roma deverá ser desolada e queimada, como aprendemos do décimo sexto verso do décimo sétimo capítulo do Apocalipse.” Palavras nas quais o jesuíta Erbermann comenta como se segue: “Todos nós confessamos com Belarmino que o povo romano, um pouco antes do fim do mundo, retornará ao paganismo e expulsará o romano pontífice”.
Viegas, sobre o capítulo XVIII do Apocalipse diz: “Roma, na última era do mundo, após ter apostatado da fé, alcançará grande poder e esplendor de riqueza, e sua influência será amplamente difundida por todo o mundo, e florescerá grandemente. Vivendo na luxúria e abundância de todas as coisas, ela cultuará ídolos e mergulhará em todo tipo de superstição, e prestará honra a falsos deuses. E por causa da vasta efusão do sangue dos mártires que foi derramado sob os imperadores, Deus irá vinga-los com mais severidade e justiça, e ela será totalmente destruída, e queimada por um terrível e tormentoso incêndio”.
Finalmente, Cornélio, a lápide, resume o que pode ser dito como a interpretação comum dos apóstolos. Comentando sobre o mesmo capítulo XVIII do Apocalipse, ele diz: “Estas coisas são para ser entendidas da cidade de Roma, não aquela que é, nem aquela que foi, mas aquela que deverá ser no fim do mundo. Pois, a então cidade de Roma retornara à sua antiga glória, e da mesma forma a sua idolatria e outros pecados, e deverá ser tal qual ela foi no tempo de São João, sob Nero, Domitiano, Décio etc. Pois, de cristã ela deve se tornar outra vez pagã. Deve lançar fora o pontífice cristão e o fiel que adere a ele. Deverá perseguir e arrasá-los. Deverá rivalizar com a perseguições dos imperadores pagãos contra os cristãos... Pois, assim como vemos, Jerusalém foi primeiro pagã sob os cananeus; segundo, fiel sob os judeus; terceiro, cristã sob os apóstolos; quarto, pagã sob os romanos; e quinto, sarracena sob os turcos”.
Tal, eles acreditam, será a história de Roma: Pagã sob os imperadores; cristã sob os apóstolos; fiel sob os pontífices; apostata sob a Revolução e pagã sob o Anticristo. Somente Jerusalém poderia pecar tão formalmente e cair tão baixo; pois só Jerusalém foi tão escolhida, iluminada e consagrada. E como nenhum povo já foi tão intenso em suas perseguições a Jesus como os judeus, então eu temo que nenhum será mais implacável contra a fé do que os romanos.
- Cardinal Henry Edward Manning, The Present Crisis of The Holy See tested by prophecies, London: Burns&Lambert, 1861. Tradução minha
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