Sendo a Alemanha uma nação profundamente religiosa na época da ascensão de Hitler, de quem partiram os votos que o elevaram ao poder? Eis uma pergunta muito explorada nas decadas que se seguiram, e que motivou grandes injustíças e equívocos, nos quais, os católicos sempre saíram mais desfavorecidos.
Mas, alguns mapas estatísticos da época nos apresentam uma outra realidade. O historiador Erik von Kuehlt-Leddihn em seu livro Liberty or Equality (do qual, traduzimos partes anteriormente neste blog) apresenta alguns dados que nos mostram quem foram os maiores produtores de votos nazistas.
Após os mapas estatísticos, disponibilizamos mais um trecho traduzido da referida obra.
Após os mapas estatísticos, disponibilizamos mais um trecho traduzido da referida obra.
porcentagem de votos nazistas, eleições de 31 de julho de 1932. As áreas escuras do mapa mostram as regiões onde os nazistas tiveram maioria de votos. |
Áreas escuras do mapa mostram as regiões de maioria católica na época |
"A fim de
chegar a um pleno entendimento dos aspectos profundos do nacional socialismo,
fizemos alguns mapas estatísticos baseados na divisão do kreise1 alemão, mostrando a inter-relação de afiliações políticas e religiosas.
Escolhemos como medida de comparação para a distribuição religiosa, o resultado do censo de 1934; e, como um índice para os votos nazistas, a eleição de 31 de julho de 1932 e março de 1933. (Este último foi decidido somente depois da deliberação prolongada. Mais duas eleições foram realizadas em novembro de 1932 e em março de 1933. A eleição de novembro mostrou um declínio dos votos nazistas, e não teve indicação máxima do potencial popular. As eleições de março foram realizadas sob a influência do incêndio de Reichstag,2 e também tivemos provas de que em certas áreas, especificamente no sudeste da Bavária, o resultado destas eleições foram fraudados).
Escolhemos como medida de comparação para a distribuição religiosa, o resultado do censo de 1934; e, como um índice para os votos nazistas, a eleição de 31 de julho de 1932 e março de 1933. (Este último foi decidido somente depois da deliberação prolongada. Mais duas eleições foram realizadas em novembro de 1932 e em março de 1933. A eleição de novembro mostrou um declínio dos votos nazistas, e não teve indicação máxima do potencial popular. As eleições de março foram realizadas sob a influência do incêndio de Reichstag,2 e também tivemos provas de que em certas áreas, especificamente no sudeste da Bavária, o resultado destas eleições foram fraudados).
A comparação do mapa religioso com o mapa eleitoral
demonstra, a primeira vista, que havia uma conexão muito óbvia entre os dois, e
que as áreas protestantes, com raríssimas exceções, foram as maiores produtoras
dos votos nazistas. Nos distritos protestantes onde os nazistas eram
relativamente poucos, nós encontramos uma alta porcentagem de votos comunistas.
Isto aconteceu especialmente na Saxônia Ocidental, e na Turíngia, com uma
maioria de votos comunistas (a inclusão destas áreas, – ambas ao oeste do rio
Elba –, na zona de ocupação soviética, colocando assim o domínio russo
dentro de 120 milhas da fronteira holandesa, tinham, claramente, não só
implicações estratégicas, mas políticas) Ainda assim, não se pode deixar de
ficar impressionado com o aspecto religioso do mapa mostrando os votos
nacionais socialistas. Um aspecto detectável somente após cálculos detalhados
em relação aos votos comunistas. E no mais,
o comunismo, assim como o nacional socialismo, foram vigorosamente enfrentados
pela Igreja Católica."
Notas:
1.
Kreise, ou simplesmente Kreis é uma divisão administrativa de
nível intermediário da Alemanha, entre os länder (estados federais) e os níves
municipais.
2. O Incêndio de Reichstag foi o episódio ocorrido em 27 de fevereiro 1933, em que a
sede do parlamento alemão, o Palácio de Reichstag, foi criminosamente
incendiado. Este episódio foi essencial para a ascensão do nazismo na Alemanha.
A culpa do incêndio recaiu sobre um ativista comunista da Holanda chamado
Marinus van der Lubbe, mas até hoje não se sabe exatamente quem foi o autor do
crime.
Fonte: Kuehlt-Leddihin, Erik von. Liberty or equality: the challenge of our time. Caldwel: The Caxton Printers, LTD, 1952.
p. 217-218
Tradução e notas:
Erick Ferreira
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