"Maximiliano trazia consigo um lema encorajador: "O que temer, acaso não sabeis que sou da Imaculada?". Um filho da Imaculada nada teme, ainda que desça aos abismos sombrios, neles faz ressoar cânticos de alegria; ainda que seja precipitado nos pântanos escuros, neles faz florir jardins".
O ano era 1941, auge da II Guerra Mundial, e um trem carregado de prisioneiros chegava a Oswiecin, na Polônia.
Entre os prisioneiros estava um humilde frade franciscano polonês, Frei Maximiliano Maria Kolbe, fundador da Legião de Maria e da Cidade da Imaculada.
Ao chegar ao sombrio destino, frei Maximiliano é conduzido ao Bloco 17, do trabalho forçado.
Com algumas semanas de trabalho intenso e subumano, adoece e é conduzido ao bloco 12, dos inválidos.
Passados uns dias, uma fuga põe em pânico todo o acampamento dos prisioneiros.
A lei de Auschwitz é implacável com estes episódios,
para cada fuga, dez prisioneiros são condenados ao bunker da morte, área no subterrâneo do campo.
Na ocasião da fuga, após o retorno aos alojamentos, o comandante dá pela falta de um prisioneiro e, com voz grave e raivosa anuncia a sentença inexorável que empalidece a todos:
"Visto que o prisioneiro não aparece, dez de vós irão para a morte".
E passando com olhar ferino entre os prisioneiros, escolhe um por um os condenados.
O terror estava instaurado, e os gritos de desesperos se ouviam no alojamento.
Mas, um caso em especial chamou a atenção de Frei Maximiliano, que acompanhava tudo em silêncio.
Era um pai de família, cujo terror estava estampado no rosto e com a face banhada de lágrimas despedia-se da esposa e dos filhos, que saltavam gritos desesperadores.
Maximiliano paraliza-se perante aquela cena comovente que se desdobrava a sua frente, e num instante, uma centelha de caridade divina lhe abrasa a alma.
"Um momento!", sua voz num átimo de segundos rompe o terror instaurado naquele alojamento.
E todos voltam-se para ele.
"Quero ir eu para a morte no lugar daquele pai de família".
"Qual a tua profissão?", interroga o áspero comandante.
"Sacerdote Católico!".
"Por quê fazes isso?"
"Este pai é mais importante para sua família do que eu para a sociedade".
O comandante perplexo ante ato tão extraordinário de heroísmo, mas brutalizado por sua missão, aceita o sacrifício.
E Maximiliano, junto com os outros condenados são despidos e lançados num subterrâneo tenebroso, onde outros prisoneiros já definhavam.
Sem qualquer chance de fuga ou sobrevivência, frei Maximiliano resigna-se perante a sina tão esperada e que agora se desdobrava claramente a sua frente. Tudo agora fazia sentido. A lembrança de um tempo distante vem a tona, quando Maximiliano ainda era apenas uma criança, e num dia especial, na Igreja de sua cidade, aos pés do altar de Nossa Senhora, recebe uma visita que o marcaria para a vida toda. Era a Virgem Santíssima que do céu vinha traçar para sempre a sua vocação. A Virgem toda resplandecente lhe aparece com duas coroas, uma branca, simbolizando a castidade, e outra vermelha, simbolizando o martírio. E a dulcíssima Virgem, voltando-se ao pequeno Maximiliano lhe deixa uma escolha: A qual das duas queres receber? Sem titubear, Maximiliano escolhe as duas. Muito tempo depois, ali estava Maximiliano para receber suas gloriosas coroas, da castidade, conservada ilibada durante toda a vida, e do martírio que alí, naquele campo sombrio se consumiria.
Enquanto não chegava esta hora, Maximiliano aproveitava para consolar os outros condenados e prepara-los para a hora final.
Durante os dias que Maximiliano esteve alí, se ouviam, naquele local de tormentos, cânticos a Virgem e orações fervorosas.
Passam-se duas semanas, e a proximidade da morte é cada vez mais sentida.
Maximiliano então, ouve a confissão de seus companheiros de suplício e lhes aconselha a oferecer a Deus seus sofrimentos e perdoar seus algozes.
Ao fim da terceira semana, só restam quatro vivos, entre eles está frei Maximiliano.
Os soldados quando abrem o calabouço, para lançar novos condenados, se surpreendem ao encontrar ainda alguns condenados vivos.
E num ato truculento, um dos soldados desce até os condenados e lhes aplica uma injeção letal de ácido muriático.
Maximiliano é o primeiro a receber a formula fatal. E em instantes cai fulminado, com os olhos para fora...
Era o dia 14 de agosto, véspera da Assunção de Nossa Senhora!
Os últimos instantes de Maximiliano foram narrados por Bruno Borgowiecz, que por uma sanha diabólica era obrigado pelos soldados a descer ao subsolo para ver o sofrimento dos condenados.
Maximiliano trazia consigo um lema encorajador:
"O que temer, acaso não sabeis que sou da Imaculada?".
Um filho da Imaculada nada teme.
Ainda que desça aos abismos sombrios, neles faz ressoar cânticos de alegria; ainda que seja precipitado nos pântanos escuros, neles faz florir jardins.
Nem os grilhões o podem detêr; nem as chamas o podem calar.
Porque a caridade abrasa seu peito e a esperança o lança para o alto, com a firmeza da fé.
Erick Ferreira
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