No episódio evangélico do julgamento de Jesus, Pilatos
propôs uma escolha emblemática aos judeus: A
quem quereis que eu vos solte: Barrabás ou a Jesus, a quem chamais de
Cristo?. (Mat 27, 17).
Além de uma simples escolha em um determinado período da
história, ali se erguia um constante dilema da humanidade: a escolha entre o
reino de Deus e o reino dos homens.
Nos tribunais da história, o homem, sempre se veria
confrontado por estes dois ideais, personificados por Cristo e Barrabás.
Com sua aguçada inteligência, o Papa Bento XVI, penetra nesta
cena e nos lega muitas lições:
"Mas quem era Barrabás? Temos conhecimento apenas do que se apresenta no Evangelho de S. João: 'Barrabás era um salteador' (Jo 18, 40). Só que o termo salteador havia recebido um significado específico na situação política de então na Palestina. Ele significava o mesmo que 'Lutador da resistência'. Barrabás havia participado de uma rebelião (cf. Mc 15, 7) e além disso era acusado -- neste contexto -- de homicídio (Lc 23, 19-25). Quando S. Marcos diz que Barrabás tinha sido um preso célebre, isso signífica que tinha sido um dos destacados lutadores da resistência, talvez até o próprio cabeça dessa rebelião (Mat 27, 16).
Em outras palavras: Barrabás era uma figura messiânica. A escolha entre Jesus e Barrabás não é casual: estão em confronto duas figuras messiânicas, duas formas de messianismo. Isto se torna ainda mais clara quando pensamos que Bar-Abbas quer dizer 'filho do Pai'. (...) Ele se apresenta como uma espécie de sósia de Jesus; concebia a mesma pretensão, mas de uma forma diferente. A escolha consiste, portanto, entre um Messias que encabeça um combate, que promete liberdade, e o próprio reino e este misterioso Jesus que anuncia o perder-se como caminho para a vida". 1
Podemos conhecer, através desta impressionante análise de
Bento XVI, os barrabás que surgem no decurso da história; são numerosos: Marx, Robespierre, Hitler, Nietzsche, Stalin e muitos outros; todos ostentando a
fajuta promessa de um reino feliz, aqui e agora.
Mas, nos deteremos em um ilustre barrabás latino americano,
que é incensado inclusive por “católicos”: Ernesto, vulgo, Che Guevara.
Nas serras bolivianas é aclamado como santo, San Ernesto de
la Higuera, e entre seus devotos mais fervorosos, encontra-se um
"frade" dominicano que ao mesmo tempo em que critica ferozmente a
piedade tradicional da Igreja, como alienante e obscurantista, se derrete em louvores ao seu semideus armado:
"De onde estas, Che, abençoe a todos nós que
comungamos de teus ideais e tuas esperanças. Abençoes também os que se cansaram e se aburguesaram ou
fizeram da luta uma profissão em benefício próprio. Abençoe os que tem vergonha
de se confessar de esquerda e de se declarar socialistas". Com palavras como estas o "frei" se desfaz em louvores ao seu deus.
Quanta devoção destilada nesta prece!
Mas o repertório de louvores nâo cessa aí, escreve Frei Betto mais adinate: "Os altruístas não morrem!"
A devoção que o pseudo-frade se recusa a render a
Deus, rende incondicionalmente ao guerrilheiro ateu.
Quanto ao altruísmo de Che, evocado por Frei Betto, alguns episódios da vida do guerrilheiro mostram o quanto ele foi altruísta. Que o digam suas indefesas vítimas amarradas em árvores e assassinadas covardemente pelo "santo" de La Higuera.
Que o diga o camponês Eutimio Guerra, tido como o primeiro dissidente da corja cruel de Sierra Madre, que não conheceu o altruísmo aclamado por frei Betto daquele que “matava com ternura”.
O próprio Che nos narra sua admirável complacência:
“Era uma situação incomoda para as pessoas e para Eutimio, de modo que resolvi acabar como problema dando-lhe um tiro com uma pistola de calibre 32 no lado direito do crânio, com o orifício de saída o lobo temporal direito. Ele arquejou um pouco, e estava morto. Ao tratar de retirar seus pertences não conseguia soltar o relógio que estava preso em seu cinto por uma corrente. Então ouvi dizer, arranque-a fora, que diferença faz...”.
Este é o santo de devoção de frei Betto. Este é o santo que adorna a parede da casa de D. Pedro Casaldáliga e outros bispos e sacerdotes congêneres.
Mas para frei Betto e seu irmão de apostasia, Leonardo Boff, a figura de Che Guevara é digna dos altares; e em muito – segundo os frades apostatas – se assemelha a Jesus Cristo e a Francisco de Assis.
Mas, parece que Che não gostou muito da comparação, pois tratou de rejeitá-la veementemente antes mesmo dos frades apóstatas brasileiros a fazerem:
‘‘Eu não sou o Cristo – escreve o guerrilheiro – tão pouco sou um filantropo, velha senhora, eu sou totalmente o contrário de Cristo... Eu luto pelas coisas em que acredito, com todas as armas à minha disposição e tento deixar o outro homem morto de modo que eu não seja pregado numa cruz’’. 3
Se Cristo veio para que todos tenham vida, ‘‘El Che’’ vivia nas montanhas de Cuba sedento por sangue, como escreveu em sua carta a primeira esposa: “vivia nas montanhas de Cuba sedento por sangue”. 4 Se Cristo pregou com tanta firmeza o amor aos inimigos, para Che Guevara, o ódio era a força motriz de sua vida: “ódio intransigente ao inimigo (...) converte o combatente em uma efetiva e fria, maquina de matar, nossos soldados tem que ser assim”.5
E Che Guevara em seu mandamento de ódio intransigente ao inimigo, tomou a dianteira. O número de mortes praticadas pelo guerrilheiro até hoje é incontável.
Luis Ortega em “Yo soy el Che!”, estima que Che Guevara mandou para o fuzilamento pelo menos 1.892 pessoas.
Um velho conhecido de Che Guevara, Jose Vilasuso, promotor dos julgamentos da guerrilha cubana, estima que mais de 400 sentenças de mortes foram comandadas por Che Guevara em menos de um ano.
Para o guerrilheiro, “qualquer pessoa que tiver qualquer coisa boa para dizer sobre o governo anterior, já era motivo suficiente para mata-la”.
Bem, se Che Guevara mandava tanta gente para as metralhas, isto certamente não lhe causava muito desconforto já que fez questão de por em evidencia o fato, até em seu discurso na assembleia geral da ONU em 1964:
“Se fuzilamos? Sim, fuzilamos, - bradava o furibundo guerrilheiro - fuzilamos, e continuaremos a fuzilar enquanto for necessário. Nossa luta é uma luta até a morte”.
Hoje seu rosto encontra-se estampado em camisetas e, seu nome tornou-se sinonimo de liberdade, embora esta liberdade que atrelaram à
sua imagem é simplesmente nula.
"El Che" criou gullags em Cuba para homossexuais
e portadores do vírus HIV. E curiosamente, hoje é aclamado pelos movimentos homossexuais.
Mas, longe do romantismo revolucionário encenado nas telas
de cinema, do brilho das estampas, e dos louvores de leigos e sacerdotes, Che Guevara não foi nenhum filantropo, como deixou claro na
supracitada carta à sua mãe e nos seus atos; tão pouco um piedoso líder; foi um
assassino inclemente, que sentia prazer em matar.
E de matanças viveu o impio guerrilheiro, até cair nas mãos de
Gary Prado nas serras bolivianas em 1967.
Conta-se que o assassino impiedoso,
vendo-se na iminência da morte, defecou nas calças, e suplicou a seus algozes
que o poupassem.
Sua covardia o fez digno da morte que o atingira e mais dignamente ainda se tornaria o herói dos idiotas úteis.
Sua covardia o fez digno da morte que o atingira e mais dignamente ainda se tornaria o herói dos idiotas úteis.
Fugiu de Cristo, mas não escapou de sua sentença
inexorável: “Quem com a espada fere, pela espada morrerá”. (Mat 26, 52)
Notas:
1.
RATZINGER, Joseph. Jesus de Nazaré: do Batismo no Jordão à Transfiguração. Vol.
I. São Paulo: Editora Planeta, 2007. p. 50-51.
2. Frei Betto, Carta aberta a Che
Guevara, Correio Brasiliense, 9-10-03.
3. Carta de Che Guevara à Celia de la Serna y Llosa, 15 de julho de 1956.
3. Carta de Che Guevara à Celia de la Serna y Llosa, 15 de julho de 1956.
4. Carta
à Hilda Gadea
5. Che
Guevara, revista cubana Tricontinental, maio de 1967.
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